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Enviada em: 03/04/2019

Na antiguidade clássica, a sociedade romana denominava, pejorativamente, os povos que não seguiam seus costumes de "bárbaros" e dominava-os, impondo-lhes o estilo de vida romano. Hodiernamente, a despeito dos Direitos Humanos, essas práticas intolerantes e o discurso de ódio contra as minorias perpetuam-se na sociedade brasileira, especialmente nas redes virtuais. Essa triste realidade parece reflexo da desorientação social quanto ao respeito às diferenças, bem como, da ineficácia da legislação brasileira para combater tais crimes.        Diante disso, é indubitável que a escassez de espaços de diálogo sobre a tolerância com a diversidade social nas escolas brasileiras esteja entre as causas problemática. De acordo com Zygmunt Bauman, filósofo polonês, em sua obra "Modernidade Líquida", a fugacidade das relações sociais no mundo moderno dilui o sentimento de semelhança entre os indivíduos, estimulando o individualismo. Seguindo essa linha de pensamento, as instituições de ensino, ao não abordarem com seus discentes a pluralidade da sociedade brasileira e dos grupos que a compõe, contribui para manutenção da intolerância e do ódio àqueles marginalizados, como os negros, os indígenas e os gays - não reconhecidos como semelhantes que merecem respeito social. Como reflexo disso, tem-se a elevação do racismo no país, segundo a ONG Safernet.        Outrossim, a ineficácia legislativa para punir os agressores das minorias, especialmente no meio virtual, agrava tal quadro. Segundo os filósofos  liberalistas, como John Locke, é dever do Estado garantir a proteção de seus cidadãos. No entanto, observa-se que tal ideal não é devidamente praticado pelos entes federativos brasileiros, haja vista que não há no país leis específicas de punição contra o "cyberbullying" e, o discurso de ódio, diferente do que ocorre em países como França e Alemanha, ficando a punição a cargo de interpretação jurídica. Como Consequência disso, há disseminação das falas segregacionistas e mensagens de intolerância nas redes sociais, frente a não punição de seus autores.        Dessa forma, urge que o Estado brasileiro tome medidas que mitiguem a intolerância e as falas de ódio dentro e fora das redes sociais. Destarte, o Ministério da Educação, junto à ONGs, deve promover o debate sobre as diferenças dos segmentos sociais brasileiros nas escolas por meio de oficinas e rodas de conversas entre alunos, professores e representantes dos grupos das minorias, a fim de aproximá-los e solidificar o respeito às diferenças no país. Por fim, o Poder Legislativo brasileiro deve, mediante mobilização parlamentar, criar leis que garantam a punição dos autores da intolerância na redes sociais. Assim, poderar-se-á promover a tolerância às minorias no país.