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Enviada em: 30/03/2019

Machado de Assis descreveu o personagem Brás Cubas, que discorre em suas "Memórias Póstumas" o orgulho de não ter gerado filhos, assim, não transmitiu a ninguém o legado da miséria humana. Embora o protagonista fosse desacreditado, episódios como o recém espancamento de um jovem cigano na França, divulgado pelo jornal "Él País", reforçam sua concepção. Com efeito, cenas de violência tendem a se repetir, haja vista o discurso de ódio contra as minorias enraizado na sociedade hodiernamente. Nesse contexto, faz-se fundamental analisar as consequências desse fenômeno e os fatores que contribuem para a sua perpetuação.   A priori, a face intolerante posta em prática é, na maioria das vezes, resultado da impunidade. Isso, pois devido à ausência de leis específicas para crimes de ódio, o indivíduo sente-se despreocupado em realizar as ofensas. Acerca dessa premissa, nota-se a negligência governamental, uma vez que não respeita o artigo 7 da Declaração dos Direitos Humanos, segundo o qual todos são iguais perante à lei, e têm direitos, sem qualquer distinção, à proteção. Dessa forma, Gandhi afirma, "O mundo está cheio de ódio", que junto à falta de punimento, resulta na violência.    Outrossim, a herança histórico-cultural contribui para o combate à diversidade. Isso porque os conflitos contra grupos minoritários, como mulheres, negros e a comunidade LGBTQIA, estão presentes na humanidade há séculos, ou seja, a ideia errônea está quase intrínseca na população, tornando utópica a sua superação. Consoante, o artista George Shaw defende, "Aqueles que não mudam suas mentes, não podem mudar nada", isto é, caso o povo mantenha o pensamento vetusto, as minorias continuarão sofrendo com o seu preconceito e ódio. Ademais, o individualismo pós-moderno, que defende um único ponto de vista, intensifica o surgimento de imbróglios, visto que estimula a destruição do diferente. Desse modo, a ideologia ultrapassada e atualmente acentuada é respeitada e interpretada como correta.    Pode-se perceber, portanto, que a intolerância contra as minorias gera uma conjectura alarmante, banhada, principalmente, de violência. Para amenizar a problemática, cabe a mobilização dos Estados  e seus respectivos congressos para a elaboração de leis que protejam as vítimas, por meio da criação de delegacias especializadas na ocorrência de crimes de ódio, e punam os infratores, por meio da prisão e atividades que moldem a sua forma de pensar, evitando a repetição dos erros após a liberdade. Além disso, o Ministério da Educação deve promover o debate nas escolas sobre a importância das diferenças, a partir do treinamento de professores atuantes, a fim de estimular o pensar coletivo e aberto. Destante, quiça o discurso de ódio e a noção de Brás Cubas possam ser superados.