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Enviada em: 29/04/2019

O elemento ódio    O legado do Séculos das Luzes é que uma sociedade só caminha quando um se mobiliza com o problema do outro. No entanto, quando se observa a persistência do discurso de ódio perante as minorias, percebe-se que esse ideal iluminista é verificado na teoria e não na prática. Muitos passos fundamentais já foram dados na tentativa de se reverter esse quadro. Entretanto, para que seja conquistada uma convivência realmente democrática, precisa-se de um diálogo entre sociedade e Estado.   Em primeira análise, cabe salientar que à liberdade de expressão, positivado pela Constituição Federal de 1988, é direito fundamental da pessoa humana. Porém, essa liberdade não é um direito absoluto, sendo que se ferir algum grupo social, há de existir a devida limitação e punição. Contudo, os números mostram que as pessoas estão cada vez mais longe de pensarem assim. De acordo com o Relatório Mundial de Direitos Humanos, Brasil bateu recorde de mortes violentas em 2017, com 63.880 casos.    Além disso, a lentidão e a burocracia do sistema punitivo colaboram com a permanência das inúmeras formas de agressão. No país, os processos são demorados e as medidas coercitivas acabam não sendo tomadas no devido momento. Nessa perspectiva, muitos indivíduos ao verem essa ineficiência continuam violentando os grupos desfavorecidos - negros, mulheres, imigrantes e principalmente homossexuais -  e não são punidos. Assim, esses são alvos de torturas psicológicas e abusos em diversos locais, como em casa e no trabalho.    Pode-se perceber, portanto, que o ódio é o elemento mais fácil de unir um grupo negativamente, porém precisamos acabar com essa visão para mudar o atual cenário. Para que essa mudança seja possível, é necessário que as mídias deixem de utilizar sua capacidade de propagação de informação para promover o preconceito contra grupos minoritários, fazendo com que eles fiquem cada vez mais marginalizados e passe a usá-la para difundir campanhas governamentais para a denúncia de agressão e violência. As escolas devem, por meio de debates, abordar assuntos importantes, como o respeito a diversidade, a tolerância religiosa e igualdade de gênero. Ademais, é preciso que o Poder Legislativo crie um projeto de lei para aumentar a punição de agressores, para que seja possível diminuir a reincidência. Quem sabe, assim, o fim do discurso de ódio deixe de ser uma utopia para o Brasil.