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Enviada em: 03/06/2019

De acordo com Aristóteles, a política deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. De maneira análoga, é possível perceber que, no Brasil, o discurso de ódio amparado pela intolerância rompe essa harmonia, em face de um histórico debilitado no tocante à inclusão das minorias, que se acentua na atualidade mediante à tecnologia.Assim, desconstruir entraves estruturais e ideológicos é fundamental para a condução do respeito no cenário hodierno.      Em primeiro lugar, essa condição recai sobre o processo histórico nacional.Para o filósofo Gilberto Freyre, há no Brasil uma espécie de democracia racial, culminando em uma convivência pacífica entre os povos.Consequentemente, a sociedade deveria administrar essa miscigenação, desde que sejam estabelecidas diretrizes seculares claras para todos.Contudo, quando, atualmente, são proferidos discursos de ódio, há uma evidente falha nesse processo, culminando em uma coletividade intolerante. Esse fato se valida nos dados do projeto ''Comunica que Muda'', os quais mostraram que 84% dos brasileiros tendem a dar opiniões discriminatórias, seja racial, homofóbica ou política. Assim, romper padrões históricos é primordial diante dessa problemática.      Ademais, o avanço dos meios de comunicação acentua esse problema. De acordo com dados da ONG Safernet, entre os anos de 2010 e 2013, aumentou em mais de 200% o número de denúncias contra páginas que divulgaram conteúdos de discriminação contra minorias em geral. Tal fato mostra que o mundo virtual se transformou em um meio disponível e acessível para que a intolerância se manifeste, uma vez que tem alcance inestimável.Sob esse viés, surgem casos como o da apresentadora do Jornal Nacional, Maria Júlia Coutinho, que foi alvo de racismo em uma foto publicada pela página oficial do programa no Facebook. De fato, o anonimato e a punição branda corroboram com essa distorção do conceito de liberdade de expressão, demandando maior seriedade.      Infere-se, portanto, que fatores históricos somados ao mal uso da tecnologia acentuam a prática da intolerância. Para reverter esse quadro, é fundamental que o Poder Público assegure políticas que atendam as minorias e aprimore leis de combate à injúria e à discriminação. Além disso, o Ministério da Justiça deve efetivar o Marco Civil da Internet,  via fiscalização de conteúdos desrespeitosos, repúdio a prática de discursos de ódio e responsabilização de indivíduos infratores.É importante, ainda, a divulgação de campanhas públicas de esclarecimento nas escolas, a fim de alcançar a premissa de que o Brasil é a mais avançada democracia racial do mundo, segundo Gilberto Freyre.