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Enviada em: 04/06/2019

Segundo o filósofo inglês John Locke, é dever do Estado garantir os direitos inalienáveis do cidadão, tais como a vida, a liberdade e a propriedade privada. Por conseguinte, é indubitável que o governo tem falhado no que concerne à defesa das minorias dentro do cenário de modernidade, tendo em vista que muitas pessoas são mortas todos os anos por motivo de preconceito, contrariando diretamente a premissa lockeana. Nessa perspectiva, é impreterível a necessidade de uma intervenção governamental com o fito de mitigar os efeitos nocivos da intolerância, visando a melhorar a qualidade de vida dos grupos minoritários.        A princípio, ressalta-se que, de acordo com a ONG Transgender Europe, o Brasil é país que mais mata transexuais no mundo. Esse dado assustador demonstra como a sociedade brasileira é marcada pelos discursos de ódio contra minorias, que se mostra presente em diferentes esferas sociais. Dessa forma, é possível perceber uma intrínseca relação entre esse comportamento destrutivo e a base sociocultural do brasileiro, fortemente marcada por tabus e por raízes preconceituosas advindas do passado histórico do país, tal como a escravidão, que influencia fortemente no racismo estrutural.       Outrossim, na obra “O Segundo Sexo” da filósofa francesa Simone de Beauvoir, é retratada a premissa da sociedade patriarcal, na qual a mulher é condicionada ao papel feminino pelas estruturas sociais de origem machista. Desse modo, é inteligível que a figura feminina veio passando por grandes transformações ao longo das décadas, devido aos movimentos sufragistas e feministas da contemporaneidade. Entretanto, o machismo ainda se mantém presente, facilmente identificável nos números exorbitantes de casos de feminicídio no país, pois segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), o Brasil lidera o quinto lugar no ranking de feminicídio mundial, algo assustador para o cenário hodierno.        Infere-se, portanto, a premência de buscar soluções viáveis para essa problemática. Para isso, é de suma importância que o governo federal, em parceira com empresas privadas, busque criar um projeto de denúncia e erradicação da intolerância, por meio da elaboração de aplicativos mobile que permitam o contato entre minorias e a Polícia Federal, de forma a facilitar e otimizar os processos mediante uma situação de violência ou preconceito. Ademais, embasado no pensamento do pedagogo Paulo Freire, a educação transforma o mundo, destarte, é compreensível que o Ministério da Educação deve promover uma campanha de reeducação social, por intermédio de palestras e aulas didáticas que salientem as diferenças sociais, ao mesmo tempo que permeiem os tipos de intolerância e suas consequências, garantindo, assim, os direitos assegurados por Locke e melhor qualidade de vida.