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Enviada em: 15/06/2019

A Ilha da Utopia, idealizada por Thomas Morus, retrata uma civilização desprovida de intolerância, onde os cidadãos poderiam manifestar livremente as suas formas de pensar e viver. De maneira díspar, na realidade brasileira do século XXI, percebe-se a inexistência desse lugar, tendo em vista a exacerbada difusão de discursos de ódio contra minorias sociais. Esse cenário patológico resulta, sobretudo, da banalização desse tipo de violência pela sociedade, bem como de influências midiáticas.          Em primeiro plano, a habituação dos discursos austeros pela sociedade configura-se um  grande impasse. Tal conjuntura relaciona-se com a teoria da socióloga Hannah Arendt, a qual afirma que determinadas formas de agressão, de tão repetidas, tendem a se tornar não só comuns, como também não merecedoras de atenção pela sociedade. O conceito abordado materializa-se em um levantamento realizado pela Agência Brasil, ao apontar que em um ano houveram mais de 10 mil denuncias relacionadas ao crime de ódio, fato que é tão grave quanto o Holocausto realizado pelos nazistas contra os considerados não arianos.        Outrossim, a mídia tem um importante papel na catalização dos discursos intolerantes. Segundo o filósofo Edgar Morin, a mídia contemporânea não só expõe deliberadamente o ódio, como também incita atos hostis. Prova disso é que, conforme uma pesquisa do Projeto Comunica, cerca de 90 por cento das menções sobre as minorias pelos meios de comunicação fazem uma abordagem negativa, de exposição de preconceitos e discriminações.Dessa maneira, fica clara a necessidade de se reduzir a intensa espetacularização da violência pelos veículos informativos que acabam, constantemente, premiando os crimes de ódio com , longas horas de propaganda.       A análise crítica dos fatos sociais, portanto, reflete a urgência de medidas para reduzir a intolerância e o discurso de ódio contra minorias. Sendo assim, é necessário que o Ministério da Educação adicione aulas de Ética e Cidadania ao Ensino Básico, Médio e Superior, mediante alterações nas diretrizes curriculares nacionais, regulamento que indica quais conteúdos devem ser abordados nas instituições de ensino, para que haja um maior debate sobre a importância de coibir preconceitos, bem como as consequências da intransigência contra determinados grupos. Ademais, cabe ao Ministério Público em parceria com o Supremo Tribunal Federal formular um projeto de lei que contenha limitações para a divulgação dos atos de preconceito e ódio, por meio de alterações constitucionais ,a fim de que haja uma redução da grande notoriedade dada aos intolerantes, tendo em vista o caráter motivacional que essa exibição exacerbada pode trazer.