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Enviada em: 11/06/2019

Em “Sex Education”, o personagem Eric é vítima de agressões e olhares distorcidos em razão das suas características físicas (negro) e opção sexual (gay). A série tenta mostrar, por meio do humor, os anseios adolescentes e a perpetuação dos discursos de ódio contra as diversidades no ambiente escolar e a sua influência na relação indivíduo-sociedade. No Brasil, a situação não é diferente. Ainda que essas atitudes sejam criminalizadas, a cada ano o número de denúncias contra casos de intolerância aumenta, o que se deve a fatores como a frequência em que se encontra presente no dia a dia e a ineficácia das políticas públicas contra ações que ferem a Declaração dos Direitos Humanos.     A princípio, vale ressaltar que intolerância convém a todo tipo de atitude direcionada a não aceitação do outro. Nos últimos anos, o advento da internet impulsionou o crescimento e a "reinserção" de discursos e comportamentos preconceituosos como “ocorrências habituais” na sociedade, uma vez que a liberdade de expressão é atrelada ao conceito de manifestar-se abertamente sobre tudo sem se preocupar em ferir etnias e culturas diferentes. Logo, em virtude do “mau uso do livre-arbítrio”, a comunidade é bombardeada diariamente com fotos, vídeos e, principalmente, “comentários” ofensivos, os quais fazem o uso frequente de estereótipos para menosprezar grupos que representam oposição.    Ademais, a negligência governamental em punir os responsáveis por manifestações de ódio contribui para que o número de vítimas que sofrem qualquer tipo de preconceito aumente, uma vez que, na maioria dos casos, o agressor não é punido. Sabe-se, por exemplo, que após 136 anos da abolição da escravatura, o Brasil ainda é vítima de ataques raciais e, embora a Constituição afirme que crimes que incitem o preconceito racial são inafiançáveis, em 30 anos desde a criação da Carta Cidadã, o índice de crimes relacionados a intolerância racial (e todas as outras) nunca parou de subir.     Infere-se, por conseguinte, medidas necessárias para resolver o impasse. Em primeiro instante, é papel da família ensinar aos seus membros sobre tolerância e respeito às diversidades. No entanto, como a estrutura doméstica, muitas vezes, não consegue fazer isso, é fundamental que o governo, em parceria com o Ministério da Educação insira, principalmente no ensino fundamental I e II, atividades extracurriculares que devem ser desenvolvidas na comunidade como questionamentos voltados aos discursos de ódio (se foram ou vítimas ou agressores/ como eles interferem no desenvolvimento pessoal e social etc.) no intuito de fazer com que jovens e adolescentes vejam como a cultura da aversão está presente no cotidiano e para que, assim, possam criticar e buscarem alternativas contra a ignorância social, além de perpetuarem o senso de que respeito e igualdade são para todos, diferentemente dos jovens da escola de Eric, em “Sex Education”.