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Enviada em: 18/05/2018

A intolerância e o discurso de ódio nas redes sociais são reflexos de uma sociedade a qual se revela estruturada no preconceito velado e que diante de uma plataforma sem aparentes punições, expõe tal preconceito. Sérgio Buarque de Holanda falava sobre a cordialidade brasileira em "Raízes do Brasil" presente na relação senhor e escravo. No entanto, nos dias atuais, as redes sociais revelam o mito da cordialidade, expondo o verdadeiro olhar dos grupos dominantes por meio de seus discursos fascistas.     Tais formas de violência são motivadas principalmente pela polarização das ideias. Isto é, no mundo virtual é possível selecionar as pessoas e os assuntos que o usuário deseja ver, fazendo com que esse conviva apenas com ideias semelhantes a sua. Essa seleção, portanto, impede o reconhecimento do outro como semelhante através do olhar, ou seja, não há o exercício da alteridade. Sem esse exercício, o indivíduo enxerga apenas a sua realidade e consequentemente não almeja o bem comum, o que é um risco para a perpetuação efetiva da democracia.     Como resultado dessa falta de reconhecimento, o sujeito torna-se vítima do vazio do pensamento, conceito exposto pela filósofa Hannah Arendt como causa da banalidade do mal, ao estudar as ações daqueles que cooperaram nos campos de concentração nazistas no período da Segunda Guerra Mundial. Ao retirar-se a humanidade do povo judeu por meio da comunicação e discursos fascistas, não houve o exercício da alteridade e como consequência seus torturadores não refletiam, não apresentavam atitudes contra a situação e nem sentiam remorso imediato.     Em suma, depreende-se que a melhor alternativa a fim de mitigar os discursos de ódio e intolerância nas redes sociais é, a longo prazo, pensar numa educação que priorize a alteridade. Para isso, o Ministério da Educação deve apresentar às escolas, principalmente aos professores, projetos que visem a integração e inclusão dos estudantes, além de palestras que abordem o respeito aos direitos humanos. Assim sendo, a sociedade caminhará para a busca do bem comum, o que proporcionará benefícios futuros à democracia. A curto prazo, campanhas governamentais que incentivem a denúncia de usuários que proferem tais discursos poderão orientar os cidadãos caso tenham que lidar com tal situação, prevenindo-os da melhor maneira possível.