Materiais:
Enviada em: 20/05/2018

Adotada pela Organização das Nações Unidas em 1946, a Declaração Universal dos Direitos Humanos visa garantir a base do respeito à dignidade humana. No entanto, a atual propagação dos discursos de ódio na internet representa um entrave para a concretização desse preceito no Brasil contemporâneo. Isso se evidencia, não só pela sensação de impunidade no espaço digital, como também pela disseminação instantânea de conteúdos danosos à coesão e ao equilíbrio social.       Durante a idade média, o Tribunal da Santa Inquisição julgou milhares de pessoas que não cumpriam os dogmas impostos pela Igreja Católica. De maneira análoga, nos dias atuais, a internet tornou-se um novo tribunal em que os internautas se tonaram, ao mesmo tempo, juízes e réus. Nesse sentido, a população, na possibilidade do anonimato e na errônea crença de que a legislação não se aplica às posturas online, se utiliza do livre arbítrio para expor sua opinião de maneira inconsequente e acaba por propagar o ódio, a intolerância e o preconceito.       Somado a isso, a rápida e exponencial propagação de conteúdos pela internet cria terreno fértil, na era digital, para manutenção dessa realidade no país. De acordo com o conceito de “banalidade do mal”, proposto pela filósofa Hannah Arendt, a pior maldade deriva da irreflexão. Nesse sentido, práticas cotidianas na internet, muitas vezes vista como inofensivas e que necessitariam de reflexão prévia, como curtidas e compartilhamos de “fake news”, acabam por perpetuar um dos sentimos mais nocivos da humanidade e corrobora com o ideal de Leandro Karnal, que propaga: “ O amor é forte, porém o ódio é mais fiel”.       Nesse ínterim, portanto, é perceptível a necessidade de ações para garantir que a retenção dessa mazela social. Primeiramente, cabe ao Governo, criar leis mais claras e específicas para a Internet, e garantir, por meio da fiscalização das empresas do ramo da internet, o cumprimento e as devidas sanções para àqueles que não cumprirem. Soma-se a isso, o dever da mídia, por meio de propagandas, de disseminar a importância e as consequências das práticas cotidianas na internet com o fito de concatenar senso crítico. Sob tal perspectiva, poder-se-á, contrariar Leandro Karnal e só dizer que “ O amor é forte”.