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Enviada em: 24/08/2018

"Vivemos em tempos líquidos. Nada é para durar". A partir da tese do sociólogo Zygmunt Bauman, que se trata da superficialidade predominante nas relações entre as pessoas nos dias de hoje, é possível contextualizar o tenebroso fato de que a intolerância e os discursos de ódio foram amplificados com o advento das redes sociais nos últimos anos. Sendo assim, a falta de entendimento sobre a realidade do outro e a oportunidade de confronto sem consequências imediatas nas redes fazem com que vítimas do preconceito do dia a dia sejam agredidas verbalmente até mesmo pela internet. Dito isso, é essencial que os responsáveis pelas redes sociais e seus usuários passem a se sensibilizar ainda mais com a problemática em questão, tendo o amparo das leis e suas aplicações.       Em primeiro lugar, é importante reconhecer que a possibilidade de anonimato e a justificativa de 'liberdade de expressão' são uns dos principais motivos para a persistência dos crimes virtuais. Prova disso é o racismo cometido contra a filha de Bruno Gagliasso no Instagram mais de uma vez, sendo o primeiro caso envolvendo um perfil falso e o segundo um vídeo da socialite Day McCarthy, ambos a chamando de 'macaca', partindo da equivocada premissa de que têm o direito de falar livremente qualquer coisa. Destarte, é necessário que o combate à esses crimes sejam sempre estimulados na sociedade, evitando que mais casos como esses ocorram.       Além disso, figuras públicas nas redes, como o político Jair Bolsonaro, conhecido por suas declarações polêmicas e intolerantes, podem acabar se tornando influências negativas nesse contexto, fazendo com que as pessoas se sintam ainda mais a vontade para disseminar seus preconceitos. Então, cabe mencionar um exemplo relativamente recente dessa influência, em que um debate sobre sexualidade e gênero foi levantado pela revista Nova Escola e o então Deputado Federal se posicionou contra de forma ofensiva, fazendo com que seus seguidores compartilhassem suas discriminações pela web. Diante disso, é pertinente que as autoridades por trás de Facebook e afins deem o exemplo e se posicionem ativamente contra qualquer tipo de discurso ofensivo.       Torna-se evidente, portanto, que o debate sobre a questão deve ser estimulado, visando ao respeito ao próximo e tendo a lei como um pilar. Dessa forma, é imprescindível que o Poder Legislativo e o Judiciário sejam mais rígidos e atenciosos à esse problema, por meio do Marco Civil da Internet, que regula o seu uso, a fim de reduzir os crimes cometidos por trás das telas dos aparelhos eletrônicos. Outrossim, é essencial que a família e os educadores repassem a importância da tolerância e respeito à diversidade em uma sociedade aos indivíduos, pois, como diria a atriz Meryl Streep, "uma das grandes virtudes do ser humano é o poder da empatia".