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Enviada em: 29/06/2018

Velhos hábitos em novos meios       A internet é a mais importante ferramenta de comunicação, de acesso à informação e de entretenimento do início do século XXI, tendo extrema importância na formação da opinião pública, sobretudo nas redes sociais. Desse modo, perante a ascensão do uso dessa teias coletivas, é fundamental a propagação do conhecimento e de princípios favoráveis ao bem comum. Todavia, isso não vem acontecendo, visto que, a intolerância é, inegavelmente, presente no meio, devido ao individualismo da maior parte dos influenciadores e a raízes históricas-culturais brasileiras.                        De início, vale ressaltar que os influenciadores digitais tem papel importante na disseminação de preconceitos, já que, o egocentrismo de grande partes deles tem deturpado o conteúdo que eles transmitem. Isso acontece porque, conforme defendeu Bauman, a invisibilidade no ambiente virtual angustia o usuário, o qual tem sua satisfação condicionada em ridicularizar e agredir o outro, em busca de "likes" e compartilhamentos. Assim é comum, por exemplo, que "youtubers" façam de tudo para ganhar audiência, inclusive incitando valores inadequados, como a intolerância. Dessa forma, a ganância por fama, compromete a todos os usuários e serve para ampliar o discurso de ódio.       Ademais, seria ingênuo não salientar que a história brasileira apresenta inúmeras  demonstrações de preconceito contra minorias. Nesse âmbito, na obra "Habitus", do sociólogo Pierre Bourdieu, é explicado como a sociedade, por tender a incorporar as estruturas sociais de sua época, naturalizou hábitos e os reproduziu as demais gerações. No Brasil, isso foi visto na prática do darwinismo social, o qual pressupõe que o negro é inferior ao branco, resultando no racismo da escravidão. Por conseguinte, esse velho hábito foi perpetuado até hoje e assim propagado nas redes sociais, como exemplo o caso de Tite, filha do ator Bruno Gagliasso, a qual sofreu por discursos racistas e xenofóbicos, por ser negra e africana. Diante disso, a intolerância encontrada nas redes sociais é somente um antigo costume imposto a sociedade que, lamentavelmente, ainda não foi resolvido.       Torna-se evidente, portanto, a necessidade do Poder Público em unir-se a população para combater as injustiças virtuais. Logo, cabe ao Ministério Público a promoção de uma força tarefa de fiscalização aos conteúdos divulgados na internet e, em parceria com  o Ministério da Cultura, elabore diretrizes socioeducativas aos influenciadores em dissenso com o bem comum. Outrossim, é primordial que ocorra propagandas no Facebook e Instagram, afim descaracterizar os discursos de ódio, como o do darwinismo social, interrompendo-se a reprodução desses no meio virtual. Assim, a internet será, finalmente, um verdadeiro local de intercâmbio de conhecimento favoralvel ao bem comum.