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Enviada em: 07/11/2018

Há um clichê que diz que política, religião e futebol não se discutem. Tal ideia, aparentemente ingênua, tende a esconder os preconceitos e a visão turva que se tem do outro. No contexto democrático brasileiro e de um mundo cada vez mais conectado, o debate de ideias nunca foi tão importante. As liberdades concedidas pelo progresso das redes sociais não podem ser perturbadas por discursos de ódio, que - segundo a Safernet - aumentaram mais de 200% entre 2010 e 2013.       Por muitas vezes, o silêncio acaba por ser uma opção de quem não quer discutir, mantendo uma civilidade aparente. O grande problema desse tipo de atitude é não aceitar uma opinião contrária e não reunir argumentos para refutá-la ou, simplesmente, tentar desqualificar quem tem uma outra ideia por ser de uma outra posição política, por ser mulher, negro, indígena, estrangeiro, homossexual ou de outra minoria social. Quando opiniões ocultas surgem, enunciadas pela liberdade de expressão e frequentemente cobertas pelo anonimato e pela sensação de impunidade, o discurso de ódio se revela e se propaga pela sociedade. Um exemplo é o machismo na internet, que banaliza o movimento feminista em uma suposta relação dicotômica, o que conceitualmente é incoerente.       A Constituição Federal é ampla e irrestrita quanto ao exercício das liberdades individuais e ao direito à vida. Atualmente as redes sociais têm sido importantes para estimular a democracia direta e por dar voz a um número irrestrito de pessoas, que cada vez menos dependem de intermediários para expor suas demandas. Por outro lado, pessoas com propósitos espúrios as têm utilizado para promover ações de caráter criminoso e discriminatório. Além das dificuldades de natureza tecnológica, também há fato de que são muitos os jovens, sem orientação adequada, cometendo crimes de ódio na internet.       O discurso de ódio deve ser combatido por meio da educação e da identificação dos agressores. Para tal, é sugerido que o Ministério dos Direitos Humanos e o Ministério da Educação criem a Cartilha Nacional de Promoção da Tolerância, que apoiará as secretarias estaduais e municipais de educação na aplicação de ferramentas, tais como palestras, jogos e outras atividades recreativas, que fomentem o debate entre os alunos sobre o respeito ao próximo e a inserção social das minorias. Por outro lado, cabe ao Ministério da Justiça disponibilizar um site na internet para denúncias de toda discriminação, a fim de dispensar a presença da vítima em delegacias e estimular o registro de ocorrências.       A cultura da tolerância e do respeito ao próximo deve prevalecer no Brasil. O bom uso das redes sociais para a troca sadia de ideias e experiências, bem como de convívio entre as pessoas não pode ser contaminado por discurso de ódio. A liberdade de expressão deve ser um elemento representativo de uma democracia madura em um país inclusivo que valoriza sua diversidade.