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Enviada em: 08/07/2018

As faces da intolerância      Segundo a antropóloga francesa Françoise Hésitier, a intolerância está associada à dificuldade de reconhecer a expressão da condição humana no que nos é absolutamente diverso. A intolerância no Brasil e no mundo sempre existiram, todavia a internet e, sobretudo, as mídias sociais impulsionam o alcance e repercussão esses fatos. Nota-se assim, os desafios ligados à intolerância e discurso de ódio nas redes sociais, seja pelo anonimato e sensação de impunidade, seja pela forte polarização política. Urge, portanto, que medidas sejam implementadas para mitigar esses obstáculos no meio digital.      Sob esse viés, nota-se que o anonimato causa aos usuários das redes sociais um falso sentimento de impunidade, propiciada pelo distanciamento físico e mediação tecnológica. Logo, as pessoas perdem o pudor em expor pensamentos preconceituosos e manifestar discursos de ódio que são camuflados como opiniões. Isso, consoante aos ideias do filósofo utilitarista Jhon Stuart Mill de que a liberdade de expressão não pode se sobrepor à garantia da dignidade humana, demostra que a essa liberdade é fortemente aviltada quando causa danos a outrem.      Além do mais, com a forte polarização política e a necessidade de se impor uma determinada visão de mundo contribuem para o surgimento das "bolhas virtuais". Por conseguinte, o usuário limita-se a ver apenas opiniões de seu interesse impulsionando assim o individualismo que leva o indivíduo a não considerar mais o outro e pensar apenas em seus desejos e interesses pessoais. Análogo a tese defendida pelo sociólogo Zygmunt Bauman, na obra "Modernidade Líquida", que o individualismo é uma das principais características - e o maior conflito - da pós modernidade.     Diante dos fatos supracitados, faz-se necessário que o Estado promulgue leis com aplicação de multas para as redes sociais que promovam o incentivo ao discurso de ódio com o prazo de 24 horas para a retirada da publicação. Além disso, é imprescindível que o Ministério da Segurança Pública, distribua em mais cidades e estados as delegacias especializadas em crime digital, para que assim a população se sinta resguardada ao serem vítimas de tais atos inconstitucionais. Dessa forma, será possível minimizar a intolerância citada pela filósofa francesa Françoise, e ofertar maior suporte aos cidadãos.