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Enviada em: 06/10/2017

Paulo Freire, famoso pedagogo e filósofo brasileiro, afirmava que, quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor. No Brasil, pode-se dizer que a veracidade de tal afirmação é facilmente comprovada quando são analisados, por exemplo, os índices de menções discriminatórias nas redes sociais. A internet, uma vez que garante um certo anonimato e proporciona discussões sobre diversos assuntos, é utilizada, muitas vezes, como ferramenta para atacar e denegrir a imagem de grupos historicamente discriminados. Desta forma, é possível perceber como o avanço da tecnologia trouxe consigo uma grande visibilidade da face opressora da população que, deste a restauração da democracia em 1985, se encontrava parcialmente disfarçada no país.       A defesa de uma educação verdadeiramente libertadora, infere, principalmente, em um ensino que invista na desconstrução de preconceitos secularmente diluídos no imaginário social da sociedade. Quando isto não é garantido, os pensamentos discriminatórios se perpetuam no senso comum ao longo dos anos, e, nas últimas décadas, a internet impulsionou sua exposição. Entretanto, tal fenômeno cria a falsa impressão de que a presença destes preconceitos cresceu exponencialmente no Brasil nos últimos tempos, quando, na verdade, apenas foi revelada em grande escala com o avanço tecnológico.       Paralelamente à percepção da propagação de discursos de ódio na internet, outro tópico importante para entender as diferentes formas de agressão psicológica na sociedade atual é o conceito de agressão visível e invisível. A forma visível seria difamações diretas à etnias, classes sociais e religiões e adjacentes. Por sua vez, a forma invisível seria, por exemplo, a existência de um padrão de beleza que considera apenas pessoas brancas, magras, de cabelo liso. Diante disso, movimentos sociais dos grupos discriminados em questão utilizam da internet como principal meio para popularizar seu discurso inclusivo e alcançar o máximo de pessoas possíveis. Assim, vê-se a importância das redes sociais na luta contra preconceitos que ela mesma ajuda a difundir, aspecto que constata sua grande polaridade.       Por tudo isso, mudanças são necessárias no país. É crucial que as discussões acerca de todas as formas de discriminação estejam presentes em sala de aula, e para isso o Ministério de Educação deve investir em materiais de debate sobre os temas em todo o ensino básico brasileiro. Ademais, os internautas e a justiça brasileira devem trabalhar em conjunto na denúncia, identificação e julgamento de pessoas que espalham discursos de ódio na internet. Do mesmo modo, os movimentos negros, feministas, LGBT, entre outros, são atores fundamentais para apontar preconceitos presentes na sociedades e enfatizar o prejuízo humano causado pela propagação destes. Desta forma, a liberdade almejada por Paulo Freire seria alcançada e propagada na geração atual e nas seguintes.