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Enviada em: 07/10/2017

Conforme defendeu o filósofo alemão Jurgen Habermas, a ação comunicativa é uma forma de abrir um espaço crítico e pluralista para o entendimento humano. Sob essa conjectura, pode-se afirmar a influência dos meios cibernéticos para a abertura de tal intercurso, nos quais, por vezes, visualizam-se discursos de ódio dos indivíduos - retratados ora em desvalorizações de dissensos, ora em agravamentos da intolerância e da discriminação social. Logo, é preciso modificar este cenário, o qual torna-se inexequível o direito à liberdade de expressão previsto pela Constituição.    Em primeiro lugar, é necessário salientar as raízes dessa adversidade social. Claramente, o caráter individualista do homem, alavancado pelas relações interpessoais efêmeras do momento histórico atual - como analisou Zygmunt Bauman -, o faz relativizar posicionamentos distintos e o exercício da democracia nas macro e microrrelações da sociedade. Isso pode ser retratado, por exemplo, em época de eleições, quando as redes sociais são utilizadas como espaços de guerrilha entre indivíduos com princípios ou partidos divergentes, corroborando, muitas vezes, rompimentos de laços afetivos por tal discordância. Neste contexto, é dificultada a prática da deliberação harmônica da sociedade, trazendo consequências não só no viés político, como no social, visualizadas no agravamento do racismo, da homofobia e das práticas de cyberbullying.     Ademais, deve-se pontuar como este cenário compromete a moralidade das gerações futuras. Como presumiu Pierre Bourdieu, os indivíduos possuem a tendência de incorporar padrões sociais ao longo do tempo. Ao seguir essa análise, é factível afirmar que as equivocadas noções morais - como as de intolerância e as de preconceitos nas redes - são naturalizadas pela população, o que configura uma cadeia de complicações - seja pela construção de mentalidades inflexíveis, seja por dificultar a desmistificação da discriminação social persistente no Brasil. Logo, os discursos de ódio podem ser interpretados como raízes de problemáticas referentes ao caráter ético das sociedades posteriores.    Tornam-se prementes, portanto, mediações para reverter essa questão social. Para tal fim, o Ministério da Educação, aliado às unidades de ensino, deve adotar o modelo de "escola cidadã" - proposta por Paulo Freire -, abrindo discussões nas aulas de Sociologia e realizando palestras sobre a importância de valorizar o intercâmbio ideológico e a relação harmônica no ciberespaço, no intuito de romper com a cultura do individualismo. Outrossim, as ações midiáticas devem estimular e instruir as pessoas a denunciarem no "Disque 100" as hostilidades nas redes sociais, veiculando em propagandas, em programas de debates e em telenovelas, para que, dessa forma, a ação comunicativa da filosofia habermasiana seja exercida corretamente pela população.