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Enviada em: 14/10/2017

No cenário literário e sociológico, o brasileiro foi retratado como hospitaleiro e gentil. No entanto, sua imagem tem mudado com a popularização da internet no século XXI. O povo tupiniquim passa a ser visto como um dos mais intolerantes, tendo em vista a enorme quantidade de menções negativas e preconceituosas no ambiente virtual. Nesse contexto, discutir acerca do acirramento do discurso de ódio nas redes sociais faz-se imperativo.   A princípio, vale pontuar que a sensação de anonimato provocada pela internet corrobora para os elevados índices de comentários ofensivos. Exemplifica-se a situação através da jornalista Maria Júlia Coutinho que foi vítima de racismo, em 2015, pela rede social Facebook, na qual inúmeros comentários com perfis falsos foram publicados, dificultando a investigação e a punição dos ofensores. Desse modo, nota-se que a internet tem reafirmado preconceitos, facilitando sua exibição, contribuindo de forma negativa para a construção de um país isonômico, já que tem inferiorizado grupos que lutam historicamente por direitos iguais, como negros, mulheres, homossexuais e deficientes físicos.    Ademais, convém ressaltar que há uma precária interpretação da Magna Carta do Brasil, possibilitando que crimes de ódio sejam justificados pelo direito à liberdade de expressão. Entretanto, essa mesma seguridade de expressar tudo o que pensa frisa que é necessário respeitar os direitos humanos, sendo proibidas humilhações, ofensas e injúrias. Dessa maneira, é notório o pouco conhecimento acerca dessas leis no espaço virtual, contribuindo para que se atinjam níveis preocupantes, como os 84% de menções negativas acerca de temas delicados, em especial as minorias, conforme aponta o jornal o Globo. Comprova-se que a internet tem sido utilizada de forma errônea, para disseminar ódio, através do sociólogo Pierre Bourdieu, o qual afirma que aquilo que foi criado para ser instrumento de democracia não pode se tornar ferramenta de opressão.    Logo, é incontrovertível que haja equilíbrio entre liberdade de expressão e respeito aos direitos constitucionais como respeito. Para isso, o Governo Federal deve investir em mecanismos que possibilitem a investigação mais profunda e mais rápida, com auxílio de programas específicos para redes sociais, com subsídio do Poder Executivo, para erradicar a impunidade de crimes de ódio na internet, conscientizando a população por meio da justiça. Além disso, é preciso que as escolas, com apoio do Ministério da Educação, invistam em educação virtual, ensinando, por meio de atividades lúdicas e coletivas, valores éticos e morais, impossibilitando que novos cidadãos preconceituosos sejam formados, e assim, diminuindo os casos de intolerância na internet. Ainda, cabe à mídia difundir, com uso de propagandas, a importância do respeito ao próximo, auxiliando o governo e as escolas.