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Enviada em: 07/10/2017

Coliseu ponto com      A Constituição 1988 possibilitou a conquista de várias liberdades, dentre elas a de expressão. Entretanto, é possível observar o transbordar dos limites nos quais esse direito deveria estar inserido: o do respeito ao outro. Hodiernamente, tem-se crescido, principalmente nas redes sociais, a manifestação de intolerância e discursos de ódio, criando um ambiente cada vez mais hostil, chegando ao ponto de violar direitos como a honra e a dignidade das pessoas. Esse comportamento resulta, principalmente, da polarização e acirramento político, bem como da precária formação educacional das pessoas.       O acirramento político vivenciado pelo Brasil nesse início de século, tem levado muitos cidadãos a comportamentos extremos, reduzindo sua capacidade de avaliar, refletir e opinar de maneira mais lúcida sobre os mais diversos temas da contemporaneidade. Ao contrário de Voltaire, quando afirmou "posso não concordar com as palavras que você diz, mas defenderei até a morte o direito de dizê-las", observa-se nas redes uma guerra por imposição de pensamentos ou até mesmo de censura. E nessa batalha vale tudo. Xingamentos relacionados ao gênero, etnia, sexualidade, classe social, fazem parte do pacote bélico dos soldados da intolerância, num verdadeiro "protejam-se quem puder".       Ademais, a ausência de uma educação voltada para o respeito ao diferente é outro fato que corrobora para a barbárie que vem se instalando nas redes sociais. Para Helen Keller, "o resultado mais sublime da educação é a tolerância". Nesse sentido, o Ministério da Educação produziu cartilhas para serem trabalhadas nas escolas abordando temáticas relacionadas à diversidade. No entanto, setores mais conservadores da sociedade intitularam a atitude como sendo doutrinação ideológica, principalmente quanto às questões de gênero, fazendo com que o governo recuasse da medida. Dessa maneira, sem o aprofundamento dos debates e uma maior compreensão teórica dos temas em discussão, as pessoas se digladiam e ferem umas as outras, perdendo os limites do bom senso.       Diante disso, é possível constatar que o ambiente das redes sociais tem sido lugar de manifestação de ódio e intolerância, se constituindo em um verdadeiro Coliseu dos tempos atuais. Faz-se necessário, portanto, que o Ministério da Educação em parceria com o Conselho Nacional de Direitos Humanos aperfeiçoem a política de educação para a diversidade, por meio de livros didáticos, vídeos e cartilhas a serem fornecidas nas escolas, no sentido de formar cidadãos mais tolerantes à diferença. Por outro lado, organizações não governamentais, juntamente com a mídia, devem realizar campanhas de promoção à tolerância e ao respeito.