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Enviada em: 08/10/2017

Na confluência entre a intelectualização da sociedade civil e o amplo uso das redes sociais, é recorrente a disseminação do discurso de ódio e da intolerância. Tais fatores são pautados na noção etnocêntrica e no cyberanonimato, que instituem, no século XXI, uma falsa dicotomia entre  "certo e errado".     Em primeiro plano, destaca-se  a atuação dos indivíduos nas redes sociais. Segundo o sociólogo Zygmunt Bauman, o único som que as pessoas escutam em debates virtuais é o eco de suas próprias vozes. Ou seja, muitos apenas impõem suas ideologias e, quando coexistem diferentes opiniões, manifestam o contra-argumento de forma preconceituosa, perpetuando comentários racistas, misóginos e homofóbicos.   Além disso, constata-se que as infrações virtuais estão sendo banalizadas. Conforme dados da ONG SaferNet Brasil, as denúncias de comentários de ódio e de intolerância diminuíram 9% entre 2015 e 2016. Entretanto, não significa que eles estão parando de ocorrer, mas que a assimilação está sendo normatizada, além de que grande parcela populacional desconhece dispositivos legais que permitam denunciá-los. Logo, percebe-se que atos ilícitos no mundo real são endossados pelo anonimato oferecido na rede virtual.       Infere-se, pois, que as redes sociais tornaram-se, em grande parte, um "campo de guerra verbal", com comentários discriminatórios. A fim de mitigar a problemática, o Governo Federal deve investir na criação de mais delegacias de crimes virtuais, além de especializar criminólogos virtuais que atuem de forma precisa na identificação de infratores, permitindo a execução penal a estes. É imperativo, também, que redes sociais, como Facebook e Twitter, criem diferentes mecanismos que permitam denúncias aos crimes de ódio e intolerância por seus usuários, com o objetivo de criar uma consciência coletiva que aumente os índices de denúncias.