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Enviada em: 15/10/2017

As redes sociais revolucionaram o mundo e a forma como as pessoas se comunicam. Desde o seu surgimento, em 1995, diversos sites foram criados, cada um com sua peculiaridade, oferecendo ao internauta múltiplas formas de compartilhamento de opinião. Entretanto, ao longo do tempo, os usuários foram perdendo a noção entre o público e o privado e passaram a utilizar as redes sociais como ferramentas para atacar a honra, a aparência e o modo de ser das pessoas. Como resultado, a intolerância e o discurso de ódio vêm ganhando força e se validando no meio virtual, onde encontram eco. Combater esses crimes sem ferir a liberdade de expressão, eis o desafio contemporâneo.      O ambiente virtual é apenas um reflexo do ambiente real e com tensões políticas e sociais ebulindo no mundo, as redes sociais acabaram se tornando vetores de opiniões radicais, que, frise-se, sempre existiram. Isso explica o fato da maioria dos comentários sobre política, cor de pele e aparência serem negativos, atingindo quase sempre médias acima de 80%. Enquanto na Grécia Antiga, berço da civilização Ocidental, os cidadãos se reuniam na Ágora, praça pública destinada aos debates de questões relevantes, atualmente as redes sociais se tornaram palco de pseudo especialistas em tudo, que disseminam ódio e medo por meio de xingamentos e ameaças.      Nesse contexto, a situação se torna mais preocupante devido à legitimação que esse tipo de comportamento recebe por parte de outros usuários. Apoiando-se no direito fundamental da liberdade de expressão, muitos se calam, consentindo, quando não endossam e aplaudem, contribuindo para um ambiente mais hostil. Para o psicanalista Contardo Calligaris, doutor em psicologia clínica, é fundamental perceber o momento em que um determinado comentário ultrapassa o campo da liberdade e se torna uma ameaça. Para Santo Agostinho, "par a par com a liberdade anda a responsabilidade", ressaltando que embora livres na internet, esse estado deve ser aproveitado com consciência.      Sendo assim, estabelecer limites sem ferir o direito de livre expressão garantido nas constituições de democracias consolidadas deve ser prioridade em sociedades que almejam ambientes virtuais seguros e harmoniosos. Para isso, as próprias redes sociais, em parceria com Governos de diversos países, devem aperfeiçoar os mecanismos de denúncias de seus sites, criando mais canais de contato entre o usuário e a empresa, de modo a facilitar e agilizar o processo, garantindo que assim as pessoas se sintam encorajadas, sabendo que o combate à intolerância e ao discurso de ódio é efetivo. Aliado a isso, escolas podem organizar debates e palestras com ONGs, com o objetivo de conscientizar e alertar acerca das consequências do que é postado nas redes sociais. Assim, confirma-se Pitágoras, que disse: "Eduquem as crianças e não será necessário castigar os homens."