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Enviada em: 09/10/2017

A Constituição de 1988, devido ao período de ditadura vivido anteriormente no Brasil, garante o direito à liberdade de expressão. Entretanto, nos últimos anos, o Brasil passou pela revolução digital que trouxe novos meios de comunicação e, com eles, o aumento do alcance dos discursos de ódio nas redes sociais. Por certo, as causas dessa utilização ocorrem devido à sociedade na qual ainda vivemos, machista e hierarquizadora que condena o diferente do padrão criado por ela mesma, e a existência, como disse Simone de Beauvoir, de "cúmplices do opressor entre os próprios oprimidos".       Em primeiro plano, qualquer discurso feito, pessoalmente ou na rede, deve respeitar a liberdade e a dignidade do outro. Contra isso, aqueles que usam suas redes ferindo isso, disfarçam-os de opinião. Entretanto, esses relatos têm embasamento, na maioria das vezes, em esteriótipos preconceituosos moldados pela nossa sociedade, que como mostra a autora do livro que baseou a nova série da Netflix, The Handmaid's Tales, na qual a própria Margaret Atwood se impôs uma regra: não adicionar nenhuma tecnologia ou acontecimento que já não tivesse sido concebido até os dias atuais", está fortemente ligada a um padrão de concepção patriarcal que define sociedade como o lugar onde vivem as famílias que devem obediência ao homem da casa, num mundo político gerido por maioria masculina.       Bem como a questão da raiz social, a série ainda aborda a falta de união que essa sociedade tenta promulgar entre os grupos discriminados, impedindo-os de, juntos, tornarem-se fortes para combater essas pré-concepções. Esse fato, na vida real, ganha forma nos discursos de ódio embasados em argumentos frágeis, aqueles que possuem viés preconceituoso e, portanto, não cientificamente provados, utilizados nas redes para garantir que continuem repetindo-os e tornando-os verdades incontestáveis para construir essa desunião baseada na intolerância entre os próprios atingidos, sejam os que sofrem pela discriminação racial, de gênero, de opinião política, de orientação sexual, religiosa ou qualquer outra, pois, dessa forma, se constrói em cada um, análoga a um quebra-cabeças que não se encaixa, uma parte que discorda da outra e, assim, nunca se fortalece para contestar o opressor.       Em suma, medidas são necessárias para conter o avanço do problema. Ao governo Federal, cabe investir em projetos que incentivem estudantes, com prêmios como bolsas de estudos, a formularem aplicativos, como por exemplo, um aviso antes de postar nas redes, com uma mensagem de alerta sobre os riscos de disseminar calúnias, como a pena para agressores virtuais, que é dever do Ministério da Justiça definir, entre serviços comunitários e reclusão. Além disso, às escolas fica a responsabilidade de programar aulas de comportamento, que auxiliem as crianças na abordagem da diferença como algo inerente ao ser humano, visando acabar com concepções preconceituosas.