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Enviada em: 11/10/2017

Expressões que espalham, promovem ou justificam o ódio racial, de gênero ou qualquer outra forma de intolerância são comuns nas redes sociais. Esse discurso de ódio não pode ser confundido com o direito à liberdade de expressão, já que este não é um direito absoluto, mas que deve ser limitado antes de ferimos a dignidade do outro. Dessa forma, compreender porque a combinação intolerância e internet é perigosa e as consequências disso na vida das vítimas é proteger direitos fundamentais.    Deve-se entender que a fusão ódio e redes sociais potencializa a formação e a manutenção de preconceitos e de discriminações, na medida em que, a rapidez e o largo alcance das ofensas, cria, de certa forma, fatos sociais. Segundo o sociólogo Émile Durkheim, esses fatos sociais consistem em maneiras de agir, de pensar e de sentir que exercem poder de coerção sobre o indivíduo. Nesse sentido, mensagens de inferiorização ao outro ou à grupos, na internet, acelera a construção de fatos sociais, gerando no homem falsas noções do que são as coisas que o rodeiam, naturalizando, assim, o descumprimento do que diz a Declaração Universal dos Direitos Humanos, do qual o Brasil é signatário. Desse modo, atos de repressão e discriminação podem gerar um "círculo vicioso" de segregação social, nocivos à sociedade democrática.    Em paralelo à questão desse traiçoeiro conchavo, é importante discutir sobre os danos psicológicos irreversíveis que a humilhação pública gera em suas vítimas. Exemplo disso, foi o que aconteceu em dezembro de 2013 no Piauí, quando uma jovem tirou a própria vida após a divulgação covarde de um vídeo íntimo seu ter sido seguido por uma enxurrada de comentários ofensivos, claramente embasados em concepções machistas. Dentre mais tantos outros linchamentos gratuitos do tipo, o racismo também tem forte presença nas redes sociais brasileiras, como vimos nos tão repercutidos casos de ataques às celebridades negras Maria Júlia Coutinho e Taís Araújo. Nesses últimos feitos,o ódio manifestado através de comentários etnocêntricos é o mesmo que corrobora com atitudes criminosas de agressão física aos negros nas ruas das metrópoles do nosso país. A intolerância e o discurso de ódio nas redes sociais é, portanto, um problema público que deve ser urgentemente combatido.    Diante disso, é necessário que o poder público e a sociedade civil organizada, juntos, intervenham para superação da intolerância no meio digital. Para tanto, faz-se necessária a criação, por parte do governo federal, de tribunais especializados em crimes de ódio nas redes para, com isso, dar rigor e agilidade aos processos, encurtando as distâncias entre a fiscalização e a punição. Por fim, é papel da sociedade civil, sob a tutela dos profissionais de saúde mental, ampararem as vítimas do bullyng por meio de palestras em escolas, empresas, emissoras de rádio e de TV.