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Enviada em: 10/10/2017

“A boa educação é moeda de ouro, em toda parte tem valor”. A frase do Pe. Antônio Vieira parece fazer alusão ao grande desafio de educar os brasileiros que reproduzem discursos de ódio na web. Nesse sentido, as hostilidades estampadas diariamente em comentários e publicações nas redes sociais são apenas reflexos das mazelas que permanecem entranhadas na sociedade brasileira.              Em primeira análise, deve-se refletir sobre a relevância dos aspectos socioeducacionais nesse impasse. Segundo a teoria da tábula rasa de John Locke, o ser humano é como uma tela em branco que é preenchida por experiências e influências. De maneira análoga a tal raciocínio, pode-se levar em consideração que as atitudes adotadas pelas pessoas praticantes do discurso de ódio têm origem no cotidiano familiar, uma vez que, ao presenciarem frequentes comportamentos de violência e intolerância dentro de casa, inclinam-se a repeti-los no convívio social. Dessa forma, a conduta violenta propaga-se entre as gerações posteriores, o que torna a animosidade sistematicamente intrínseca à conjuntura sociocultural do Brasil.         Ademais, o espaço ilimitado que as redes sociais possibilitam aos usuários e suas diversas opiniões, somado à certeza de impunidade faz com que as pessoas mal intencionadas sintam-se livres e blindadas para proferirem quaisquer tipos de ojeriza. Nesse contexto, em julho de 2015, a apresentadora do Jornal Nacional, Maria Júlia Coutinho foi vítima de injúria racial na internet, em meados de 2016, os “haters” – como são conceituados esses tipos de criminosos virtuais – proferiram ofensas racistas à cantora Preta Gil. Torna-se claro, desse modo, que o racismo, a misoginia e a intolerância ganharam um palco na era da virtualidade.           É evidente, destarte, que a problemática abordada necessita de medidas estruturais as quais tangenciem a questão no seu cerne: a educação. Logo, faz-se necessário que o Ministério da Educação torne obrigatório nas escolas o ensino da cidadania, mediante fixação de matéria específica na grade curricular dos níveis fundamental e médio, a fim de atenuar a conduta violenta já mencionada. Além disso, cabe a família – instituição formadora de valores – demonstrar sempre bons exemplos de tolerância e cordialidade aos infantes, com a finalidade de que esses desenvolvam um caráter honroso. Outrossim, para um maior bem-estar dos internautas, as empresas proprietárias das redes sociais devem desenvolver mecanismos de coerção aos atos de ojeriza, por meio de monitoramento remoto das publicações por algoritimos próprios. Dessa maneira, o discurso de ódio no Brasil será sanado e a educação brasileira valerá o “ouro” o qual Pe. Antônio Viera se referira.