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Enviada em: 11/10/2017

"A raiva e a intolerância são inimigas gêmeas da compreensão correta". Pode-se relacionar a frase de Ghandi com um cíclico problema que tem alarmado a sociedade brasileira: a intolerância e o discurso de ódio nas redes sociais. A internet revolucionou as maneiras de o ser humano se comunicar.  Entretanto, as redes sociais ampliaram os discursos de ódio, isto é, qualquer tipo de discurso, conduta, gesto ou escrita que pode incitar violência, ofensas ou ações contra alguém ou um grupo de pessoas, com conteúdos geralmente racistas, homofóbicos, xenofóbicos, de intolerância religiosa, entre outros, podendo ocasionar danos morais. Diante disso, torna-se passível uma discussão a respeito das manifestações intolerantes na internet.        As redes sociais favoreceram os discursos de ódio. De acordo com uma pesquisa do jornal O Globo, de 400 mil menções identificadas em plataformas como Facebook, Twitter e Instagram, 84% apresentavam abordagem negativa, de exposição do preconceito e da discriminação. Essa ampliação das manifestações intolerantes, que já ocorriam no dia a dia, ocorreu principalmente devido ao anonimato que não permite a identificação do ofensor. Em 2016, a cantora Preta Gil foi vítima de preconceito e denunciou mensagens de ódio recebida pelas redes sociais, como as que a chamavam de "macaca", feitas principalmente por pessoas anônimas que não utilizavam o próprio nome no perfil.        Ademais, muitas pessoas se expressam de forma intolerante e preconceituosa sob o manto da liberdade de expressão, que é, sim, um direito fundamental de todas as pessoas. Porém, um discurso de ódio, que incita a violência e a discriminação, não pode ser considerado como liberdade de expressão, pois esta tem limites e todos esses discursos preconceituosos e discriminatórios geram danos reais à sociedade, como agressão e assassinatos em virtude de orientação sexual, raça, religião, etnia, entre outros. As pessoas podem publicar suas opiniões na internet, mas, no momento em que aquilo se torna uma ameaça, devem receber imediatamente a atenção da polícia e do Judiciário.          Perante os fatos expostos, medidas devem ser tomadas a fim de acabar com os discursos de ódio na internet. Para isso, cabe aos proprietários das redes sociais aprimorar seus sistemas, através da disponibilização de formas de denúncia, para que as vítimas e outras pessoas possam denunciar publicações e comentários discriminatórios. Além disso, cabe à mídia realizar campanhas, através de propagandas, sobre a intolerância nesses ambientes e suas consequências, para conscientizar a população. Cabe, ainda, ao poderes públicos intervir em casos flagrantes de ódio, punindo devidamente os ofensores. Destarte, tomadas em conjunto, essas medidas contribuirão para promover a tolerância na internet.