Em 2011, as redes sociais tiveram papel de destaque na Primavera Árabe, ocorrida no Oriente Médio. Apesar de sua importância nas reivindicações por maior participação política nessa região, esse mecanismo virtual é diariamente palco do preconceito e de discursos de ódio no Brasil e demais países do globo. Fatores de ordem tecnológica, bem como cultural, caracterizam o dilema da intolerância entre os brasileiros no meio digital. É importante pontuar, de início, o despreparo de muitos indivíduos no uso das redes sociais. À guisa do físico Albert Einstein, tornou-se claro que a tecnologia desenvolvida pelo homem ultrapassou a própria humanidade. Nesse sentido, os usuários do meio digital não estão aptos para utilizar os aparatos tecnológicos de forma consciente e harmônica. Essa realidade é ratificada por pesquisa recente do site Comunica Que Passa, em que, do total de menções sobre o racismo nas redes, 97,6% era negativas, incitando o ódio e a intolerância. Outrossim, tem-se a influência dos valores culturais nessa caótica relação com o meio virtual. A internet, ao conferir uma falsa noção de anonimato e impunidade, torna-se um espaço em que os indivíduos descarregam toda a intolerância socialmente construída sem temer possíveis complicações. Tal fator foi amplamente observado nos ataques racistas sofridos pela jornalista Maju Coutinho no seu perfil do Facebook. Assim, nota-se a persistência do preconceito na sociedade brasileira, que é exportado para o ambiente digital, consolidando os discursos de ódio. É notória, portanto, a relevância de fatores tecnológicos e culturais na problemática supracitada. Nesse viés, as escolas, em consonância com ONGs da área, devem orientar a população acerca do uso consciente das redes sociais. A ideia da medida é, a partir de palestras e debates nas salas de aula, além de campanhas nas ruas, construir uma consciência coletiva entre os brasileiros sobre o respeito no meio digital. Ademais, o Governo, por intermédio dos órgãos responsáveis, deve intensificar as punições para os crimes cibernéticos. Esse projeto pode contar com a criação de delegacias especializadas e com a aplicação de maiores multas e medidas socioeducativas aos infratores, visando minimizar os casos de intolerância e ódio nas redes sociais. Por fim, a mídia, enquanto difusora de novos comportamentos e opiniões, deve propagar a harmonia entre os indivíduos a fim de reduzir os casos de preconceito no país. Tal intervenção deve contar com telenovelas e propagandas educativas sobre o assunto com o intuito de consolidar uma sociedade mais tolerante.