Materiais:
Enviada em: 17/10/2017

Em 2011, as redes sociais tiveram papel de destaque na Primavera Árabe, ocorrida no Oriente Médio. Apesar de sua importância nas reivindicações por maior participação política nessa região, esse mecanismo virtual é diariamente palco do preconceito e de discursos de ódio no Brasil e demais países do globo. Fatores de ordem tecnológica, bem como cultural, caracterizam o dilema da intolerância entre os brasileiros no meio digital.    É importante pontuar, de início, o despreparo de muitos indivíduos no uso das redes sociais. À guisa do físico Albert Einstein, tornou-se claro que a tecnologia desenvolvida pelo homem ultrapassou a própria humanidade. Nesse sentido, os usuários do meio digital não estão aptos para utilizar os aparatos tecnológicos de forma consciente e harmônica. Essa realidade é ratificada por pesquisa recente do site Comunica Que Passa, em que, do total de menções sobre o racismo nas redes, 97,6% era negativas, incitando o ódio e a intolerância.    Outrossim, tem-se a influência dos valores culturais nessa caótica relação com o meio virtual. A internet, ao conferir uma falsa noção de anonimato e impunidade, torna-se um espaço em que os indivíduos descarregam toda a intolerância socialmente construída sem temer possíveis complicações. Tal fator foi amplamente observado nos ataques racistas sofridos pela jornalista Maju Coutinho no seu perfil do Facebook. Assim, nota-se a persistência do preconceito na sociedade brasileira, que é exportado para o ambiente digital, consolidando os discursos de ódio.    É notória, portanto, a relevância de fatores tecnológicos e culturais na problemática supracitada. Nesse viés, as escolas, em consonância com ONGs da área, devem orientar a população acerca do uso consciente das redes sociais. A ideia da medida é, a partir de palestras e debates nas salas de aula, além de campanhas nas ruas, construir uma consciência coletiva entre os brasileiros sobre o respeito no meio digital. Ademais, o Governo, por intermédio dos órgãos responsáveis, deve intensificar as punições para os crimes cibernéticos. Esse projeto pode contar com a criação de delegacias especializadas e com a aplicação de maiores multas e medidas socioeducativas aos infratores, visando minimizar os casos de intolerância e ódio nas redes sociais. Por fim, a mídia, enquanto difusora de novos comportamentos e opiniões, deve propagar a harmonia entre os indivíduos a fim de reduzir os casos de preconceito no país. Tal intervenção deve contar com telenovelas e propagandas educativas sobre o assunto com o intuito de consolidar uma sociedade mais tolerante.