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Enviada em: 25/10/2017

As redes sociais são espaços comunais diferenciados no século XXI. Colocadas, pelo escritor Frei Betto, como uma nova pólis em que se fundamenta o exercício pleno da democracia, essas se tornaram um local em que o indivíduo pode manifestar livremente seu direito de opinião. Contudo, esse ambiente tem sido contaminado pelo discurso de ódio, o qual é um atentado à liberdade de expressão e à dignidade e, por extensão, aos direitos humanos, portanto deve ser duramente combatido.       Uma das principais causas da disseminação do discurso de ódio e da explosão de práticas intolerantes é a banalização do mal, conforme proposto pela filósofa Hannah Arednt. A naturalização do abuso pelo qual passa a sociedade contemporânea é o reflexo de um espaço em que a consolidação plena dos meios dos direitos humanos ainda é precária, principalmente nos meios de comunicação social. A banalização das erupções de violência resulta na omissão diante do ódio por parte de grande parte dos indivíduos, contribuindo para o enraizamento dessa severa problemática. Tal perpetuação também está relacionada a uma confusão entre o público e o privado por muitos internautas brasileiros em função da carência da educação do exercício público, a qual leva à manifestação desmedida de pensamentos sórdidos, exemplificados por comentários intolerantes, homofóbicos, misóginos e racistas que atentam cotidianamente contra o  exercício pleno da democracia no mundo virtual.          Ademais, a permanência de tais discursos está relacionada à morosidade da justiça brasileira e ao despreparo das delegacias mediante à investigação dos casos de discurso de ódio, apesar da existência de mecanismos legais de combate a tais práticas, conforme previsto na legislação nacional. A ausência de  mecanismos de atendimentos competentes e de facilidades que defendam e ofereçam suporte às vítimas são enormes barreiras à denúncia de tais casos, além de geraram uma imensa sensação de impunidade. Assim, erupções de violências nas redes sociais são cada vez mais frequentes, o que contribui para que um espaço no qual deveria imperar a liberdade de expressão e pelo respeito seja lamentavelmente manchado pelo ódio e pela intolerância.        Portanto, visto que o mundo virtual deve ser regido pelos mesmos valores éticos e regras legais que orientam a existência cotidiana, é necessário que, o Ministério da Justiça, aliado aos governos municipais, promovendo um aprimoramento do sistema de atendimento às vítimas dos discursos de ódio, oferecendo a essas um maior apoio e assegurando que as medidas previstas na lei sejam cumpridas democraticamente. Ademais,é preciso que as escolas, incentivadas pelo MEC,  ofereçam às novas gerações uma educação radicalmente pautada pelo respeito aos direitos humanos e à diversidade cultural, de modo que se possa exercer a cidadania plena nessa grande pólis virtual.