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Enviada em: 29/10/2017

Muitas vezes o brasileiro foi tratado como cordial e hospitaleiro por sociólogos e pela literatura, porém, o que se observa nas redes sociais é um cenário completamente diferente. Segundo levantamento realizado pelo projeto Comunica que Muda, da agência Nova/sb, das menções identificadas em plataformas digitais sobre temas como homofobia, política e racismo, cerca de 84% eram abordagens negativas, que incitam o ódio e o preconceito. Casos de intolerância em ambientes virtuais exigem uma atenção imediata da polícia e do judiciário, pois nesses ambientes, discursos de ódio se propagam e atingem milhares de pessoas de maneira muito rápida, influenciando negativamente muitos indivíduos.  O crime de ódio na internet é uma séria problemática, pois valendo-se da da sensação de impunidade, do anonimato e da defesa de que todos possuem o direito à liberdade de expressão, muitos propagam discursos preconceituosos nas redes sociais, sejam eles racistas, homofóbicos ou de intolerância em relação à religião, aos costumes e até mesmo com deficientes físicos e mentais.  É preciso que haja limites claros entre liberdade de expressão, assegurada pela Constituição Federal e pela Declaração de Direitos Humanos, e o momento em que essa se torna uma ameaça e passa a ferir a integridade moral do próximo.   Os casos de intolerância e discriminação nas redes sociais ganham maior visibilidade quando envolvem pessoas nacionalmente conhecidas, como foi o caso da apresentadora do Jornal Nacional, Maria Júlia Coutinho, que em 2016 foi alvo de comentários racistas por internautas, após investigações, o Ministério Público de São Paulo indiciou quatro homens por injúria e racismo. Porém na maioria das vezes os criminosos não são identificados e punidos como deveriam, essa violência online passa despercebida, por meio de agressões invisíveis, onde comentários preconceituosos são vistos como piada por grande parte dos usuários, mas não pela verdadeira vítima.  Dessa forma, o governo deve promover, junto com o Ministério da Educação, campanhas educativas nas escolas e nos municípios que envolvam os alunos nos projetos, por meio de teatros e palestras, a fim de informar e educar a população sobre o uso consciente das redes sociais, pois é na infância que se adquire a maior parte dos comportamentos, sejam eles positivos ou negativos. Ademais, a mídia deve realizar campanhas publicitárias, através de propagandas televisivas e virtuais, sobre os impactos que os comentários negativos nas plataformas digitais causam nas vítimas, além de promover a informação de como as pessoas devem agir em casos de agressão virtual, para que mais pessoas passem a denunciar e ajudem a minimizar esses casos. O poder judiciário também deve intervir, com maior interesse e empenho investigativo, para que mais agressores sejam identificados e punidos.