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Enviada em: 01/10/2018

É incontestável que o Brasil é um gigante miscigenado e multicultural. Nesse sentido, ainda que seja uma única nação, existem inúmeras variações que permeiam a sociedade canarinha, dentre elas a intolerância, que ultimamente ganhou espaço nas redes sociais. Entretanto, não obstante, a fatores socioeconômicos, regionais, históricos, muitas pessoas encontram dificuldades em conviver com essas diferenças, em virtude do individualismo persistente na sociedade e equívocos sobre os termos.  De maneira análoga às rochas sedimentares, o discurso de ódio nas redes sociais se consolidou lentamente, via diminutos constituintes de um todo. O problema é agravado pelo fato de a população confundir discurso de ódio e liberdade de expressão. A partir da ditadura inseriu-se uma herança histórica persistente até os dias atuais, visto que, após o Golpe Militar o direito à liberdade de expressão foi garantido na Constituição.  Entretanto, essa liberdade não é absoluta, uma vez que, ao ferir o direito de outro deve haver uma limitação e punição. Atualmente, o Brasil é conhecido por ser um país hospitaleiro, porém, na prática não é o que ocorre. Comumente, ocorrem crimes fruto de discursos de ódio nas redes sociais, os principais ataques possuem cunho político, misógino e racial. A exemplo disso, tem-se o caso que aconteceu com a atriz Tais Araújo, que levou a denúncia de injúria racial à polícia. Vale ressaltar, que muitas vítimas são atingidas indiretamente, já que, determinada característica da pessoa que é agredida, atinge todas as pessoas que possuem esse mesmo caractere.  Por fim, o sociólogo Zygmunt Bauman afirma que a maioria dos problemas da sociedade pós-moderna está relacionado ao individualismo. Que por sua vez, gera falta de empatia, intolerância e descriminalização. Ao passo que, o discurso de ódio nas redes sociais, ocasiona insegurança e impede a participação efetiva da vítima na comunidade, marginalizando aquele que é diferente e desqualificando-o. Bauman continua dizendo que "Nós somos responsáveis pelo outro, estando atentos a isto ou não". Ou seja, independente da tomada de consciência, todos são responsáveis pelo que dizem as pessoas, assim como pelas consequências de seus atos, sejam eles físicos ou psicológicos.  Somando-se aos aspectos supracitados, é possível constatar a resistência da “rocha” formada, bem como a urgência em dizima-la. Sendo assim, o Estado, aliado a mídia, deve fazer com que as pessoas tomem conhecimento dos limites nas redes sociais, promovendo campanhas nesses meios, que evidenciem o crime, suas consequências diretas e indiretas e as punições para ele, a fim de combater a constância da intolerância e garantir segurança as minorias afetadas. Ademais o Ministério das Comunicações, deverá aumentar a fiscalização nos sites mais acessados, garantindo que as plataformas possuam ferramentas para retirar e denunciar textos ofensivos.