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Enviada em: 08/04/2017

O Parnasianismo, movimento artístico-literário ocorrido no século XIX, foi o grande responsável pela supervalorização da forma física, que é característica da sociedade brasileira. Nesse contexto, entende-se que a busca pelo corpo perfeito é uma questão social presente e deve ser discutida. O cultismo contemporâneo é um problema prosaico que pode ser explicado pela Teoria da Indústria Cultural e exemplificado pelo aumento no número de mortes por cirurgia plástica no país.             Ao analisar-se a Teoria da Indústria cultural, desenvolvida por Theodore Adorno e Horkheimer, constata-se que, devido ao movimento de globalização, a produção em larga escala deixou de ditar somente padrões econômicos, tornando-se, também, controladora dos valores sociais e culturais. Outrossim, Karl Marx define que a alienação é a falta de participação ideológica efetiva do proletariado no processo de compra e venda. Analogamente, tais conceitos podem ser associados à supervalorização da forma física, uma vez que há um estereótipo de corpo perfeito coercitivamente imposto pela indústria, o que torna o problema cada vez mais recorrente em meio à sociedade contemporânea.         Em decorrência disso, é possível avaliar o número de cirurgias plásticas feitas no Brasil contraposto às mortes oriundas deste procedimento. Atualmente, nosso país é líder mundial na realização de reparos estéticos, com cerca de 1,5 milhão de operações por ano. Entretanto, devido ao alto custo para fazê-las, uma grande parcela da população recorre à meios clandestinos que, pela falta de conhecimentos técnicos, acabam sendo nocivos ao indivíduo. Essa perspectiva, exemplificada pelo caso dos transexuais de Santa Cruz de La Sierra, que tiveram silicone industrial injetado em seus corpos, demonstra o perigo da realização de tais métodos, os quais são responsáveis por graves problemas e, até mesmo, pela morte de muitas pessoas.           Diante dessa conjuntura, fica explícito que o culto exagerado à forma física é prejudicial aos indivíduos que o praticam. Destarte, medidas devem ser tomadas para que o problema seja sanado. Dessa forma, a mídia deve criar e veicular campanhas de exaltação à liberdade e diversidade de tipos corporais, visando somente a saúde da população, para que os estereótipos sejam desconstruídos e a busca incessante pela perfeição corporal se acabe. Some-se a isso a mobilização da sociedade, de forma geral, por meio de projetos e protestos físicos e virtuais que objetivem a exterminação do preconceito cultista, aspirando abrandar ou, até mesmo, apagar tais práticas alienadoras do cotidiano brasileiro.