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Enviada em: 31/05/2017

É indubitável que o culto a forma física no século XXI é um reflexo da opressão imposta pela sociedade na vida das pessoas. Isso se justifica pela compulsão por tratamentos estéticos, cirurgias plásticas e exercícios físicos se tornarem cada vez mais frequentes no cotidiano das pessoas, ao ponto de serem considerados algo dentro da normalidade, apesar de serem extremamente prejudiciais para saúde dessas pessoas.             Da valorização de quadris largos, corpo mais robusto e que representasse uma alimentação mais farta à época do Renascimento, o padrão de beleza convergiu para um corpo magro e musculoso na contemporaneidade. O modismo hodierno se baseia no estilo de vida "fitness" e a imposição rigorosa dessa moda pelos bombardeios midiáticos, principalmente pelos "digital influencers", acaba por criar nos indivíduos um sentimento de auto- rejeição; visto que, se não estiverem dentro dos padrões aceitos pela sociedade, sofrem com o preconceito, a exclusão do convívio social e o julgamento, muitas vezes equivocado, sobre sua saúde e alimentação, sendo considerados desleixados.       Ademais, essa pressão social pela busca do corpo perfeito e por uma vida mais saudável se torna contraditória quando começa adoecer as pessoas. O desenvolvimento de doenças como bulimia, anorexia, ansiedade e depressão não são inexplicáveis, elas ocorrem devido a necessidade criada pelos indivíduos de ser aceito pela sociedade, tendo como única opção a adequação aos padrões impostos pela ditadura da beleza. A obsessão pela perfeição, reflexo de sucessivas intervenções cirúrgicas e tratamentos estéticos em artistas, como o cantor Michael Jackson, exemplificam bem tal fato.        Diante do que foi discutido, é notória a urgência na adoção de medidas que revertam o quadro apresentado. Entre elas, a mudança de postura dos "digital influencers' perante seus seguidores, propondo uma vida mais saudável mas não deixando de enfatizar a importância da auto- aceitação , da valorização das diferentes belezas e da excentricidade de cada indivíduo. Bem como o desenvolvimento de projetos de apoio àqueles que já sofreram ou ainda sofrem com distúrbios causados pela ditadura da beleza , disponibilizando tratamento gratuito e acompanhamento psicológico, organizado pelo Ministério da Saúde , seria também uma opção de uma iniciativa eficiente. A fim de que assim se possa alcançar uma auto estima de qualidade desvinculada ao narcisismo tão frequente hodiernamente.