Materiais:
Enviada em: 15/06/2017

Na mitologia grega é famoso o mito de "Narciso". A estória aborda a obsessão de um jovem por sua beleza, sendo essa relação conflituosa a causadora de sua morte. Apesar de sua antiguidade, esse conto permanece como metáfora atemporal para a problemática acerca do culto ao corpo e padronização física. No Brasil, essa questão possui entraves sociais que precisam ser repensados.     Primeiramente, deve-se pontuar a influência da indústria cultural. Nessa perspectiva, são propostos modelos publicitários que associam definições de corpos perfeitos as ideias de felicidade e realização pessoal. Todavia, os padrões impostos, quase sempre, são altamente artificiais e contrastantes com a realidade de alguém normal inserido na lógica capitalista. Consequentemente, essa pressão junto a frustração por esta em uma constante busca sem resultado palpável, por vezes, é fator preponderante na ocorrência de distúrbios psicológicos , tais quais depressão, anorexia e uso excessivo de suplementos alimentares(sejam lícitos ou ilícitos).      Além disso, é preciso ressaltar a criação de preconceitos. Pierre Bourdieu, filósofo francês, define "violência simbólica" como as opressões morais e psicológicas sofridas por um indivíduo ou grupo social. Tal conceito é evidenciado em nossa sociedade pelo tratamento, por vezes, distinto dado a uma pessoa, levando em conta sua adequação ,ou não, ao padrão de beleza vigente. Nesse contexto, o peso, o cabelo ou mesmo a vestimenta são , muitas vezes, fatores para geração de estereótipos, os quais acentuam a exclusão e discriminação de muitos brasileiros.       A nação, portanto, tem um quadro que precisa ser revertido. Logo, é essencial a atuação do Poder legislativo junto a ONG´s de âmbito social, o primeiro estabelecendo códigos e medidas mais eficientes que obriguem as empresas não só deixar claro os traços artificiais , mas também diminuam o caráter apelativo de seus modelos publicitários, e o segundo distribuindo cartilhas que visem conscientizar a população sobre as estratégias da indústria cultural, a fim de diminuir a influência desse setor. Também é necessária a ação do Ministério da Educação junto a redes sociais, como "Facebook" e "Twitter", com a veiculação de campanhas em vídeo no intuito de desconstruir noções excludentes e hierarquizadas de beleza, instituindo a importância da diversidade e tolerância, dessa forma, minimizando o preconceito e estereotipagem dentro do meio social. Assim, talvez, o Brasil seja um país em que um número menor de pessoas se afoguem como "Narciso".