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Enviada em: 26/03/2018

A não aceitação da morte como último projeto de vida, além de excluir todos os planejamentos no futuro, expõe a obsessão do ser humano em querer ser cada vez mais a figura principal por onde passa. Aliás, notadamente, torna-se mais fácil encarar a mesa de cirurgia a fim de consertar a bochecha caída e secar as "gorduras fofinhas" do abdômen a experimentar, de fato, uma reeducação cultural e alimentar. Dessa forma, culto à forma física no século XXI acaba por ir em caminhos contrários da busca pela qualidade de vida, ora pela falsa sensação de prazer adquirido ao se ver na frente dos espelhos das academias, ora pela incredulidade em não acreditar nos riscos de tal atitude.    Nesse viés, lojas de suplementação e farmácias acabam por se tornarem verdadeiros hospitais para o tratamento da magreza e do excesso de peso. Por outro lado, ainda que haja certos públicos realmente satisfeitos com o estilo de vida que decidiram levar, como passar horas hipertrofiando os músculos, há aqueles que se decepcionam por não alcançarem seus objetos. As consequências, na maioria das vezes, vão desde a casos irreversíveis de depressão até a perda da vida nas mesas de cirurgias plásticas. Outrossim, o amplo apoio e os incentivos dos amigos acabam por serem confundidos com o ideal de liberdade sem responsabilidade. A ex-modelo Andressa Urach é exemplo dessa postura.   Diante disso, os dados estatísticos se tornam cada vez mais preocupantes. De acordo com o Centro Brasileiro de Informações sobre drogas Psicotrópicas, aproximadamente 2% dos estudantes brasileiros já fizeram o uso de substâncias indevidas e sem o devido acompanhamento médico na busca pelo desenvolvimento da massa muscular. O mito da caverna, proposto por Platão, com cidadãos presos aos seus próprios pensamentos e ideais, mostra ainda ter força em determinados públicos. Tal situação, sequencia a lógica dos fatos de não respeitar os limites do próprio corpo na busca desenfreada de uma  imagem imposta por filmes, modelos de lojas de grife, "reality shows" e novelas, negligenciando a própria vida e influenciando outras.   Diante dessa realidade, é imprescindível mais fiscalizações conjuntas da ANVISA, Conselhos Regionais de Educação Física, corrigindo, de acordo com as leis, o educador físico que disponibilize substâncias que põem em risco a integridade dos alunos. Caberá também à mídia, através de propagandas, teatros e palestras nas comunidades, mostrar de forma contundente as consequências de condutas irresponsáveis, restando a própria sociedade a abertura para a criação de novos valores, como a autonomia de ser guiado por profissionais competentes - médicos, nutricionistas e outros - nas realizações dos exercícios e das dietas, além de maior conscientização das suas formas de pensar e agir. Assim, será possível alcançar a dignidade humana em todos os seus segmentos.