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Enviada em: 07/05/2018

O Brasil de Zweig       Ao refugiar-se, no Brasil, da Segunda Guerra Mundial, o escritor austríaco Stefan Zweig publicou, em 1941, o livro “Brasil: País do Futuro”. No entanto, a falta de limites no mundo das artes não faz jus a essa premissa. Dessa forma, deve-se analisar porque limites devem ser impostos também às artes.       A sociedade, segundo o sociólogo francês Pierre Bourdieu, tende a incorporar, naturalizar e reproduzir as estruturas sociais impostas. Com isso, é notório afirmar que a sociedade brasileira é herdeira de uma cultura patriarcal, machista e homofóbica. Embora essa cultura arcaica e preconceituosa tenha que ser combatida em todos os meios para, então, todos os cidadãos serem, de fato, iguais em direitos e deveres, não é usando de falta de respeito às pessoas e às suas próprias culturas que esse equilíbrio será alcançado. Dessa maneira, a arte deve ser usada como libertadora, indefinida e subjetiva, mas sem ultrapassar os limites da liberdade e direitos do próximo, como garante a Constituição Federal de 1988, pois não se conquista respeito, ao desrespeitar; não se conquista direitos, ao retirar direitos do próximo.         Em exemplo ao supracitado, tem-se a mostra de arte de diversos artistas brasileiros “Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira” exposta no Santander Cultural em Porto Alegre. Essa mostra expôs cena de nudez, pedofilia e zoofilia, entre outros, a todos os públicos, de todas as idades - inclusive a crianças e adolescentes - por falta de legislação que especifique a classificação indicativa de idade, o que desagradou pais, educadores e grande parte do público em geral que foi surpreendido com a exposição. Em razão da polêmica gerada, o Santander cancelou a exposição.       Torna-se evidente, portanto, que a falta de limite no mundo das artes é um problema na sociedade brasileira. Em razão disso, o Governo Federal, em parceria com o Ministério da Cultura, deve incluir exposições de artes na legislação de classificação indicativa e assegurar, em conjunto com órgãos fiscalizadores, que não se ultrapasse os limites da Carta Magna de 1988, a fim de equilibrar o exposto em arte e o restante da sociedade, resguardando a cultura, a religião e a crença de cada pessoa, sem ferir os direitos e deveres do próximo. Isto posto, poder-se-á aproximar o Brasil real do Brasil idealizado há quase oito décadas por Stefan Zweig.