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Enviada em: 19/05/2018

As benesses de uma subjetividade sem limites        A Idade Média era caracterizada pela condenação a qualquer ideia contrária aos dogmas da Igreja, como as obras clássicas, que instigavam a criticidade e a razão a partir da subjetividade; caracterizando-a ,assim, como o período de maior atraso à humanidade. Nesse sentido, a hodierna discussão quanto à imposição de limites ao mundo das artes torna-se equivocado diante da ameaça ao autoconhecimento, bem como da incompatibilidade das ações das leis ao que é subjetivo.        Mormente, a tentativa de impor "barreiras" à arte está em consonância com o abandono da razão, pois só com a criticidade, proporcionada pelas diversas temáticas exploradas e representadas por diversas obras contemporâneas, que o verdadeiro conhecimento pode ser alcançado. Face ao exposto, vale destacar a ideia do filósofo George Hegel, o qual afirma que a razão é o elemento solucionador de todos problemas, bem como permite a obtenção do auto-entendimento. Desta forma, fica evidente que a função da arte é "expandir horizontes', e com obstáculos estará com seu objetivo comprometido.      Outrossim, a ideia de impor as leis, que regem e controlam a vida em sociedade; à forma de expressar-se pelas obras de arte, evidencia uma incompatibilidade, pois as leis são concretas e a linguagem artística subjetiva. À vista disso, vale destacar o filósofo Platão em relação à existência do Mundo Sensível e o das Ideias, no qual o primeiro reflete um cenário em que a ignorância e o concreto predominam, e no segundo é onde se encontram a fonte da razão e da imutabilidade. Destarte, exemplifica-se a ineficácia de artifícios concretos para se criar limites neste contexto.        Diante dos fatos mencionados, é notória a inevitabilidade quanto a reconsideração da ideia de impor limites ao mundo das artes. Para isso, cabe ao Ministério da Cultura, assegurar a liberdade artística, por meio de reformulações em relação ao funcionamento de exposições, no território nacional, a exemplo da inserção de uma classificação indicativa a fim de evitar a presença de menores de idade, que não possuem a criticidade desenvolvida; como também uma prévia consulta, tratando-se do financiamento público de determinadas exposições para que se evitem polêmicas fundamentadas em classificar algumas mostras, como "desperdício" de dinheiro público. Com isso, tem-se a possibilidade de respeitar o livre arbítrio e desfrutar das benesses que a arte proporciona.