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Enviada em: 02/06/2018

O filósofo Aristóteles afirmou: "a finalidade da arte é dar corpo à essência secreta das coisas, não é copiar sua aparência". Em outras palavras, o compromisso da arte é dar forma ao que é inconsciente às pessoas, é promover a discussão do que não é dito, é não se manter no senso comum e aparente.  Logo, a arte não se trata de uma fonte de entretenimento, mas sim de conhecimento. Mais de dois mil anos passados desde tal frase, a arte continua a promover discussões sobre o seu papel social e, sobretudo, se ela deve ser regrada e obedecer determinados limites.    Tal discussão ganhou corpo no Brasil depois da polêmica exposição promovida pelo Santander Cultural, denominada  "Queermuseu - Cartografias da Diferença na Arte Brasileira". O material exposto foi amplamente criticado, principalmente pelo grupo Movimento Brasil Livre, porque, segundo eles, possuía em seu conteúdo pedofilia e zoofilia, além de estar direcionado ao público escolar. As críticas tiveram tamanha repercussão que resultaram no cancelamento da exposição.       O problema hoje está em conseguir separar o que é arte do que não o é. Como já foi dito antes, a arte costuma provocar discussão de assuntos, muitas vezes até polêmicos e ignorados. Mas é importante considerar que nem todo tipo de expressão tem como objetivo provocar a discussão de algo, algumas simplesmente querem disseminar preconceitos ou causar a repercussão do nome de quem a criou. Identificar e punir o autor de quem realiza esse tipo de ato, é extremamente complicado, principalmente porque a linha que define a arte é extremamente tênue.        A medida mais simples para solucionar esse tipo de problema consiste em restringir o acesso à determinados tipos de arte. Tal qual o cinema, o teatro e os programas de televisão possuem uma categorização, determinando que faixa etária pode assistir ao conteúdo a ser exibido, as exposições de arte realizadas em galerias deveriam adotar esse sistema.        Nota-se que a arte incomoda muito em determinadas situações. E no final ela é justamente isso: uma ferramenta de desacomodação. É necessário cutucar e pôr em movimento os mais profundos dogmas absorvidos pela sociedade. Obviamente esse processo não deve ferir a liberdade de cada um, seja ele o expositor ou quem assiste à exibição. É preciso adequar os públicos, garantindo que o material exposto não é inapropriado para quem o vê.       A arte não costuma respeitar leis, muitas vezes desrespeita a si mesma. Cercá-la e aprisioná-la dentro de limites, não é a solução. Precisa-se encontrar um equilíbrio, e, nesse caso, ele somente é encontrado por meio de debates públicos que retomem a importância da arte para a sociedade.