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Enviada em: 31/05/2018

No século XIX, a arte era considerada a manifestação do belo ao passo em que, com o advento do Modernismo, ela passou a ter uma nova função social: despertar o questionamento para questões importantes da sociedade. Dessa forma, muitas obras são propositalmente feitas para chocar o público e tirá-los de sua zona de conforto. Por isso, manifestações artísticas são, geralmente, mal interpretadas e fomentam diversos protestos em prol da imposição da censura. Entretanto, a restrição no mundo das artes não somente limita o processo criativo do artista como, também, fere com um dos princípios básicos de uma Democracia.      Esse cenário de contestações quanto ao conteúdo das obras reflete a hegemonia de ideais conservadores na sociedade. Sob essa ótica, juntamente com a ascensão de políticos ultraconservadores no poder, cresce a intolerância, o preconceito e a difusão de valores retrógrados entre os indivíduos. Essa realidade estimula protestos como o ocorrido em Porto Alegre em virtude da exposição Queermuseu, o qual tinha enfoque na diversidade de orientação sexual e identidade de gênero.       Ademais, a má interpretação da arte é outro fator que contribui com a censura desse meio. Nesse contexto, é necessário um senso crítico apurado para compreender a mensagem do artista, reconhecer a ironia e distinguir o que é literal da metáfora. No entanto, a arte é muito desvalorizada na sociedade e apenas uma minoria tem o hábito de frequentar exposições. Assim, ainda hoje, uma grande parcela da população não considera arte o que foge à forma ou a métrica convencional, apesar de a Semana de Arte Moderna em 1922 ter surgido com o pressuposto de revolucionar essa concepção.       Por fim, é válido mencionar que a liberdade de expressão é um dos pilares de uma Democracia. Contudo, conforme defendia o filósofo John Stuart Mill, essa liberdade não pode se sobrepor à dignidade humana. Ou seja, manifestações artísticas que incitem a violência ou o preconceito devem ser julgados segundo as leis do Código Penal. No entanto, vale ressaltar que temas referentes a tabus na sociedade não devem ser confundidos com esses casos.      Fica claro, portanto, que medidas devem ser tomadas a favor da liberdade de expressão, desde que essa não cause danos a outros. Para isso, cabe às escolas implementarem em seu quadro de horários o ensino da história da arte. Tal iniciativa deve ser feita através de aulas dinâmicas, além de palestras e debates que fomentem o senso crítico dos estudantes. Como resultado, as instituições formarão indivíduos críticos, capazes de promover a valorização da arte em sociedade e romper com o conservadorismo culturalmente enraizado.