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Enviada em: 08/06/2018

As artes sempre foram representativas na sociedade e dignas de suntuosidade. Durante o Renascimento Cultural, a forma clássica greco-romana foi revalorizada por seus grandes intérpretes, como Da Vinci, Michelangelo e Rafael. Esses, tinham o feitio de suas obras patrocinados pelos mecenas. Nessa época, o acesso a erudição era limitado apenas aos fidalgos. Entretanto, na atualidade, a acessibilidade foi expandida com o advento da internet e de exposições abertas ao público. Porém, a disseminação cultural trouxe consigo o avolumamento das críticas. Os movimentos que romperam com o padrão, as mudanças de concepção relacionadas à representação corporal e as obras polêmicas abrem a discussão sobre o conceito e a imposição de limites no mundo artístico.     A princípio, destaca-se a mudança de parecer brasileira provocada pelo rompimento com conceitos estrangeiros antigos e redirecionamento à criação nacional. A Semana de Arte Moderna, datada de 1922, ecoa até hoje como algo beirando ao desastre mas, ao mesmo tempo, revolucionário e precursor do modernismo. A busca por uma identidade e pela liberdade de expressão culminou no estranhamento e desaprovação, mostrando desde então o apego à normatividade em contraste com a inovação.    Da mesma forma, as concepções do corpo mudam no cenário artístico de acordo com tendências e épocas. Michelangelo pintou a Capela Sistina com seus personagens nus, representando a beleza dos corpos por si só. Contudo, posteriormente, com uma mudança ideológica ocorrida em Roma, as obras passaram por adaptações para terem as suas ''vergonhas'' recobertas. A falta de diferenciação entre a sexualidade genital, erotismo e a expressão natural humana ainda causa revoltas extremadas.   Outrossim, a definição do que é arte veio à tona recentemente devido a exposições que não agradaram a todos. Grupos de fanáticos religiosos e supostos defensores de crianças realizaram protestos e campanhas ofensivas direcionadas ao coreógrafo Wagner Schwartz, por sua interpretação de ''La Bête''. Com a premissa de que havia atos de pedofilia em suas performances, impunham a criminalização do artista, utilizando-se da afirmação de que nudez não retrata a arte e sim incentiva atos erógenos, indo contra o conceito de liberdade de expressão garantido pela Constituição de 1988.    Vê-se como necessário, portanto, a garantia da livre criação e consumo cultural. Todavia, esses projetos devem atingir o público com idade e mentalidade suficiente para o entendimento do que é vinculado. Cabe às direções de museus, em consonância com o Ministério da Cultura, o controle mais efetivo da classificação indicativa e a descrição das obras em folhetins em suas portarias ou sites; a fim de reprimir a entrada de crianças e adolescentes não aptos em apresentações com conteúdo sexual ou traumatizante, e também evitar o constrangimento de pessoas mais conservadoras.