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Enviada em: 15/07/2018

Já no limiar da Idade Antiga, o filósofo Aristóteles afirmava que a função da arte era a de provocar “catarse”, ou seja, despertar emoções no ser humano. Nessa perspectiva, sendo uma manifestação da subjetividade humana, a produção artística não deve sofrer imposições limitantes, haja vista que a censura à um artista, no Brasil, é inconstitucional, pois o objetivo deste é produzir para a contestação e reflexão de uma realidade.     Numa primeira análise, não se deve proibir a exibição de obras artísticas, pois isso seria como limitar a liberdade de criação de outrem. Nesse sentido, recentemente a exposição “Queermuseu”, em Porto Alegre, foi retirada de exibição por que continha temática LGBT, crítica á símbolos religiosos e contestação á tabus. Grupos como o Movimento Brasil Livre, foram às ruas boicotar a exposição afirmando que esta feria a moral e os bons costumes da família brasileira. Esse acontecimento nos remete á tempos de ditadura militar no Brasil, quando músicos, poetas e pintores foram duramente perseguidos e tiveram suas obras censuradas, haja vista que continham críticas ao regime autoritário da época. Logo, numa sociedade democrática, cercear um artista é limitar sua liberdade individual, pois, por possuir viés político, a arte é produzida para causar impactos e reflexões.    Além disso, é preciso destacar que a arte é um instrumento de provocação, isto é, de pensamento crítico. Nessa lógica, como cada indivíduo possui uma determinada visão de mundo, a produção de um artista pode ter diferentes interpretações dependendo da mensagem que este queira emitir. Como exemplo, driblando o crivo da censura no período militar, o cantor e compositor Chico Buarque produzia canções com duplo sentido e metáforas para camuflar as críticas ao período, não ser reprimido e provocar questionamentos na população. Assim, percebe-se que a visão aristotélica de arte se perpetua no tempo, pois ela serve, de fato, para provocar sentimentos tanto positivos, quanto negativos.     A arte, portanto, não deve sofrer limitações e restrições, pois ela exprime o olhar conjuntural de um autor. É necessário, desse modo, que a arte esteja mais próxima dos indivíduos, permitindo o desenvolvimento intelectual e a criticidade. Em primeiro lugar, o Ministério da Cultura deve promover a disseminação da arte pelas cidades através de instalações urbanas, exposições em praças públicas, shows e eventos gratuitos, objetivando a democratização da arte e da cultura. Essa medida não só possibilitará a compreensão e informação da sociedade, como também permitirá lazer, conhecimento e crescimento pessoal. Dessa forma, a arte precisa ser entendida como um objeto á serviço da humanidade, cuja função é interpreta-la e constesta-la.