Materiais:
Enviada em: 06/08/2018

Para o escritor britânico Oscar Wilde, que viveu no século XIX, época de grande avanço do racionalismo, "O primeiro passo é indissociável à evolução de um homem e/ou nação". Essa visão do literato congrega uma ideia muito pertinente no mundo das artes, isto é, a quebra da inércia se constitui na diligência de processos que alterem paradigmas. Nesse contexto, desde os primórdios da história, as manifestações artísticas serviram para modificar muitas sociedades e, sem sombra de dúvida, foram muito incomodas aos detentores do poder, que buscaram impor limites a essas expressões instrutivas.     É preciso considerar, antes de tudo, que movimentos reacionários não estão dispostos às mudanças condicionadas pelas artes. Diante disso, persiste uma falácia, quase que clichê, de que o diferente é deturpado e repugnante. Foi assim durante o Renascimento, a igreja católica expunha uma visão "demoníaca" desse movimento, visto que buscavam transformar, mediante as artes, uma sociedade marcada pelos dogmas cristãos. Todavia, mesmo que o século XVI pareça distante, as dinâmicas retrógradas dessa época ainda marcam as relações atuais, tendo em vista que a exposição de trabalhos artísticos, que confrontam as concepções de um seleto grupo, são passiveis de boicotes e difamação. Com isso, em pleno século XXI, a sociedade ainda vive sob a égide de pré-concepções.   Outrossim, cabe ressaltar que questionar as estruturas sociais é característica marcante das expressões artísticas. Notadamente, as Vanguardas Europeias tiverem uma grande importância na exposição de problemas que marcaram o século XX, sobretudo durante o final da segunda guerra mundial. Em razão disso, essa situação proporcionou uma visão mais abrangente do mundo que estava se constituindo no pós-guerra, suas dinâmicas e particularidades. Entretanto, a imposição de limites a essas manifestações artísticas não dificultaria apenas a compreensão das práticas sociais, mais contribuiria para a alienação da população. Dessarte, a imposição de dogmas, isto é, de conceitos que não devem ser questionados, se tornaria uma forma de controlar a sociedade.  Fica evidente, portanto, a importância da exteriorização instrutiva na mudança de padrões estabelecidos. Para tanto, cabe à escola e às Organizações não Governamentais(ONGs), em parceria, trabalhar, mediante palestras, discussões e visitações a museus, a relevância da arte na composição cultural, visando demonstrar a sua atuação nas relações sociais. Ademais, compete à mídia cumprir com a sua função social e, por meio de novelas, filmes e propagandas, demonstrar a vulnerabilidade de uma sociedade que, muitas vezes, é regida por concepções que limitam a liberdade artística e defendem os seus próprio interesses. Somente assim, levantando pontos e debatendo ideias, será possível instituir mudanças que inviabilizem a limitação artística.