Materiais:
Enviada em: 02/10/2018

Na obra “A Fonte”, o autor Marcel Duchamp busca ressignificar a arte através do uso de objetos prontos e banais, que iram perder sua função prática, transportando fatores da vida cotidiana para o universo artístico, assim gerando uma reflexão sobre o significado da arte. Nesse viés, denota se que a obra artística tem o poder de gerar não só contemplação, mas também mudança de conceitos e opiniões a partir de uma análise profunda e livre de preconceitos. Diante disso, ao invés de limites, a arte necessita de uma maior didática quanto a sua concepção, seja no âmbito coletivo ou pessoal.    A priori, as “Vanguardas Europeias” do século XX como o Dadaísmo e Expressionismo tinham em seu contexto a função de questionar não só a própria arte, mas a sociedade em si. Artistas brasileiros foram influenciados por esses movimentos e Cândido Portinari se destacou na técnica expressionista ao pintar a obra “Os Retirantes” na qual ele retratava de forma profunda a miséria que a seca proporcionava aos inúmeros nordestinos brasileiros. A obra que foi criticada na época de sua realização devido à sua inovadora técnica hoje se transformou em uma espécie de símbolo de resistência da luta de milhares de sertanejos que vivenciam anualmente a severa seca na região nordeste. Dessa forma, a arte mais uma vez demonstra sua faceta marcante e transformadora no contexto social, mesmo diante de críticas e rejeições.   Ademais, é sob a perspectiva artística que a sociedade é capaz de exteriorizar humores e sentimentos, e discutir assuntos julgados como "tabu". A sexualidade, por exemplo, é apresentada na arte há muito tempo, a Grécia e Roma antiga possuíam apelo forte a expressão corporal, mesmo a nudista. A religião apresenta significativa influência no comportamento social em torno dessas representações artísticas, na medida em que a sua moral é geradora do sentimento de culpa e de aversão à comportamentos apontados como hediondos, no caso da sexualidade.    Portanto, torna-se imprescindível um diálogo abrangendo toda a sociedade, expondo o papel social que a arte exerce. Com isso, faz-se necessário uma ação conjunta entre o Ministério da Cultura e o Ministério da Educação (MEC), reformulando a matriz curricular nacional, tornando o ensino da arte obrigatório nas escolas, assim desenvolvendo um senso crítico na população e possibilitando uma análise mais racional e consciente das interações sociais. Outrossim, o MEC deve desenvolver uma série de palestras elucidativas com o intuito de debater sobre a importância artística, promovendo uma valorização da arte e uma maior aceitação da mesma por parte da população menos instruída.