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Enviada em: 26/10/2018

Em 2018, em uma performance realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo, uma criança tocou no pé de um artista adulto nu. Tal apresentação foi acusada por grupos conservadores de fazer apologia à pedofilia e colocou em discussão se a arte deve ou não ser limitada. No que tange a essa questão, limites não devem ser impostos à arte, uma vez que isso retiraria uma de suas funções sociais fundamentais e falta à sociedade educação artística crítica.       Além da função estética, a arte também tem o papel de estimular a reflexão crítica sobre a realidade social. Caetano Veloso, por exemplo, por meio de músicas como “Cálice”, denunciou a violação de direitos humanos que ocorria na ditadura militar. Logo, limitar a arte significaria diminuir o poder de uma área do conhecimento que estimula o senso crítico, conduzindo à alienação da sociedade e consequentemente possibilitando que ideologias antidemocráticas como o autoritarismo se perpetuem.       No entanto, sem uma educação artística adequada, a arte não desempenha seu papel reflexivo e é banalizada e mal interpretada. Isso e vê claramente quando pessoas “leigas artisticamente” resumem obras de arte conceituais ou abstratas a borrões de tinta, desconsiderando toda a técnica do criador utilizada na criação. Outrossim, a falta de educação artística pode fazer com que equívocos em interpretar certas obras aconteçam, como foi o caso citado anteriormente, em que se associou nudez ao erotismo. Assim sendo, para que a arte cumpra seu papel, falta à sociedade conhecimento antes de julgar erroneamente.       Destarte, diante dos fatos supracitados, a fim de garantir uma formação artística de qualidade, seria viável que o MEC em parceria com professores de diversas áreas literatura, história, sociologia e filosofia desenvolvesse cartilhas explicando arte à medida que a relacionasse com o contexto histórico-cultural em que foi produzida. Dessa maneira, os leitores dessa cartilha entenderiam melhor sobre o que é arte, e os limites que antes seriam impostos a ela, agora seriam impostos à ignorância.