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Enviada em: 13/04/2019

A capela Sistina, situada no Palácio Apostólico no Vaticano, foi pintada pelo artista Michelangelo. Apesar da obra retratar corpos nus em um ambiente religioso, ela é considerada uma das obras mais contempladas do Renascimento Italiano. No entanto, quando se observa a liberdade de expressão na arte, no Brasil, hodiernamente, verifica-se que esse ideal é constatado na teoria e não desejavelmente na prática. Nesse sentido, convém analisarmos as principais causas dessa problemática.       A princípio, torna-se viável ponderar que muitas pessoas avaliam somente a estética na obra de arte. Seguindo essa linha de pensamento, o Dadaísmo, o qual ocorreu no início do século XX, foi um movimento revolucionário que propunha a ruptura da estética tradicional européia, com o intuito de oferecer ampla liberdade para o artista. Entretanto, na contemporaneidade brasileira, ainda está presente o pensamento arcaico de que a função da arte é apenas encantar o indivíduo. Sendo assim, é inadmissível que em um estado democrático de direito, o artista tenha sua liberdade restringida devido ao atraso intelectual da sociedade.         Outrossim, a falta de criticismo do cidadão implica em um olhar de reprovação mediante as obras de arte. Conforme a professora Donis A. Dondis retrata em seu livro " Sintaxe da Linguagem Visual ", desde pequenos somos incentivados a ler e a escrever, mas não recebemos o mesmo estímulo para a leitura e interpretação de imagem. Dessa forma, quando a obra aborda assuntos considerados tabus pela maioria das pessoas, como aconteceu na exposição "Queermuseu - Cartografia da Diferença na Arte Brasileira", o observador sequer se questiona sobre o porquê de tais manifestações, não há um preparo, ou alfabetismo visual, que o faça perceber a obra de forma questionadora. Logo, é possível perceber que o ato de cancelar a exposição, após manifestações nas redes sociais, é reflexo do despreparo social em torno da arte.          Dessarte, diretrizes são necessárias para reverter esse impasse. Portanto, as escolas devem ir além do ensino letrado, ou seja, é preciso trabalhar com os estudantes a leitura visual, por meio de atividades que abordem a interpretação de imagem e obra de arte. Com isso, espera-se que as instituições de ensino formem cidadão críticos e capazes de analisar as expressões artísticas. Assim, os artistas brasileiros desfrutarão da liberdade no mundo da arte, bem como Michelangelo e os dadaístas desfrutaram.