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Enviada em: 14/05/2019

O mundo da arte, por possibilitar diversas interpretações, é rodeado por questionamentos que defendem ou repudiam a definição de limites em tal meio. A linha que se posiciona contra a imposição de barreiras à arte, defende que, é da própria função artística o papel de questionar a realidade vigente. Entretanto, é necessário que haja, sim, estabelecimento de tais limites para que, eticamente, promova-se o respeito à diversidade de opiniões.       Verdadeiramente, muito foi discutido, na sociedade brasileira, após a repercussão de exposições artísticas polêmicas - como a apresentação de um homem nu no Museu de Arte Moderna de São Paulo, onde uma criança interagiu com o artista -, se deve haver limites para a arte. Por um lado, considera-se que a arte existe para discutir temas pertinentes a uma sociedade e a uma época específicas, com fins de conscientização. Somado a isso, as pessoas que se posicionam contra a definição de uma fronteira para a arte, afirmam que a nudez sempre esteve presente nas manifestações artísticas do passado, como no Renascimento. Também pontuam que a interpretação de uma obra é subjetiva, e que o desconforto que alguns podem sentir, como fruto dessa percepção individual, faz parte dos objetivos da transgressão que a arte propõe.       Em contrapartida, é preciso compreender, ao expor uma obra com intuito de conscientização, se alguma crença ou tradição está sendo abordada de forma ofensiva. A propósito, o pensador Thomas Hobbes abordava que, o homem no estado primitivo, isto é, sem limites para a sua liberdade, vivia em estado de guerra. Da mesma forma, pode-se entender que não propor um extremo para o meio artístico, também oportuniza espaços para conflitos, nesse caso, de caráter ideológico. De fato, a nudez se fez presente em vários momentos da história da arte. Porém, quando se comparam as representações estáticas às exposições concretas do corpo humano nu, deve-se levar em conta que o impacto gerado é, completamente, diferente. É relevante ressaltar que, por exemplo, nas obras renascentistas, acontecia de o tamanho dos órgãos sexuais serem reduzidos para que isso não tirasse o foco da obra em si.       Portanto, para evitar o confronto entre os grupos sociais que compreendem o papel da arte de formas diferentes, é importante que as exposições selecionem as obras adequadas a serem expostas de acordo com o público (aberto ou específico) que comparecerá ao evento. Também é importante que os museus e galerias reforcem os avisos de classificação por faixa etária para que sejam reduzidas as polêmicas quanto a presença de crianças em tal meio. Assim, estabelecendo-se certos limites, os pontos de vista de grupos artísticos e conservadores poderão ser conciliados de forma mais efetiva.