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Enviada em: 30/05/2019

Monstruosidade    A icônica obra de Francisco Goya "o sonho da razão produz monstros", sintetiza a ideia de que enquanto a racionalidade dorme, os horrores acordam. Nesse sentido, entra em discussão na atualidade se limites devem ser estabelecidos ao universo artístico. Dessa maneira, pode-se dizer que deve haver um consenso entre a natureza da arte e as barreiras da lei.    Em primeiro lugar, faz parte da alma artística questionar a realidade. Sob esse viés, percebe-se a importância dessa inerência, visto que é um modo do ser humano melhorar o mundo e a si mesmo. Conforme ocorrido com a "geração mimeógrafa", questionadora desde o berço, a qual permitiu que fossem traçados fortes contornos de contestação ao regime opressor de 1964. Logo, a capacidade transgressora dessa cultura deve ser aproveitada, pois traz uma visão crítica ao mundo.    Outrossim, as regras sob as quais uma sociedade se insere são os ditames da ordem social. Isto é, nos antigos regimes a anuição do povo a um poder maior era feita com o uso da força, na democracia essa aceitação se faz pelo respeito às leis. Desse modo, apreende-se que todos os setores da população devem ser abraçados no cumprimento jurídico para que o "governo popular" possa ser pleno.   Portanto, é preciso que seja concebida a harmonia por meio de uma fiscalização, que, contudo, não atrapalhe a manifestação do espírito dessa artístico. Em razão disso, o Poder Legislativo tem que criar um órgão que vistorie artistas e galerias, de modo a fornecer classificações de idade ao público e crie um disque-denúncia para que as mostras irregulares possam ser investigadas, o que terá o fim de que a arte possa continuar contribuindo para a comunidade, mas sem causar a desordem no sistema. Assim, sob o prisma de Goya, as monstruosidades - como o caos social - estarão sempre hibernando em face da razão desperta.