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Enviada em: 24/03/2018

De acordo com o artista espanhol Joan Miró: "Mais importante do que a obra de arte propriamente dita é o que ela vai gerar". Por tal visão, percebe-se que a arte é criada para provocar diversas sensações no público, incitando reflexões sobre a realidade e impactando os observadores. Nessa perspectiva, a tentativa de limitar as manifestações artísticas significa censurá-las, em razão de não só ferir a liberdade de expressão dos cidadãos, mas também colaborar com a alienação e falta de senso crítico da sociedade. Sendo assim, deve-se buscar meios que não representem a estagnação do potencial de avanço cultural, isto é, medidas democráticas acerca da expressão e difusão da arte.       Nesse contexto, o filósofo Sartre afirma que a independência é a condição de vida do ser humano. Assim sendo, a arte explora a liberdade do indivíduo ao romper esteriótipos e barreiras sociais, incitando debates e mudanças sobre o tema tratado. Evidência disso foi o Movimento Modernista brasileiro com a tentativa de romper com os padrões das vanguardas europeias e expor uma realidade pouco divulgada anteriormente. Contudo, ao propor uma limitação à autonomia crítica e elucidativa do mundo das artes há a regressão ao estado de imposição e normatização. Dessa forma, a educação como instrumento de valor é indispensável na compreensão artística.      Por outro lado, a exposição "Criança Viada" veiculada no Queermuseo em Porto Alegre desmascara o preconceito e a homofobia por meio da iconografia pop. Entretanto, o mal estar gerado por tais obras reflete-se em uma clara oposição das camadas mais conservadoras, as quais reprimem e censuram sua divulgação, principalmente pela questão da sexualidade e da religião. Isso demonstra que os valores vigentes na sociedade caracterizam a estagnação cultural focada no lucro e aculturação, colaborando para a deturpação e massificação dos princípios morais no mundo artístico.        Diante dos fatos supracitados, faz-se necessário que o Ministério da Educação e da Cultura trabalhem juntos em ações de promoção e valorização de expressões e movimentos artísticos em escolas e universidades. Isso poderia se concretizar por meio do reconhecimento que a disciplina de Artes tem na formação crítico-educacional do aluno, ou seja, seria interessante que tal matéria ganhasse não só maior carga horária, mas também fosse desenvolvida em atividades extra-sala, como em visitas a museus e exposições. A finalidade de tal medida está relacionada com o rompimento de opiniões retrógradas e o aumento do nível crítico e artístico dos estudantes. Por fim, o Sistema de Classificação Indicativa brasileiro deve propor uma faixa etária mínima para entrada em exposições de arte conforme sua temática para que seja evitado movimentos de censura como o que ocorreu com a exposição no Queermuseo.