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Enviada em: 13/03/2018

Moralismo excessivo ou má interpretação?       Após a exposição "Queermuseu" em Porto Alegre, uma série de discussões acaloradas tentaram definir o quão moral era a arte contemporânea e como essa deveria se comportar. Acontece que arte é subjetiva e depende da vivência e de seus espectadores, sendo assim, em uma sociedade pluricultural o que seria correto ou infame?       Sendo uma arte de conhecimento subjetiva, é difícil definir o que é a arte. Isso se deve ao fato da existência de culturas diversas e meios de convivência distintos. Por exemplo, o funk é considerado por muitos um "lixo sonoro", mas para outros, um símbolo de representatividade. Nesse contexto, qual seria a opinião "correta"? Não há como definir, são conceitos pessoais, representam diferentes visões que não devem ser tachadas como superior ou inferior. O mesmo acontece na arte, não deve ser julgada por uma opinião específica, mas por um olhar amplo cujas interpretações são diversas, e causam um misto de sensações.       A sociedade moderna prega um pseudomoralismo que apresenta uma visão deturpada e dogmática em diversos aspectos, que mostra uma ignorância sem precedentes. A arte tem como objetivo, muitas vezes, mostrar realidades diversas que gerem discussões saudáveis a fim de um melhor entendimento de determinado assunto, como por exemplo, a transsexualidade. Contudo, devido a valores pessoais, uma parte da população fecha os olhos para realidades distintas e perpetua pré julgamentos baseados em dogmas pessoais, atribuindo opiniões e modos, muitas vezes, desumanos. A interpretação com base nas crenças individuais, muitas vezes cega e determina entendimentos errôneos, como na exposição, em que termos utilizados como "criança viada" são vistos como fator de má influência e propagação da homossexualidade.       Sendo assim, toda manifestação artística deve ser vista como algo dinâmico e pessoal, livre de pré conceitos e interpretações do senso comum. O Ministério da Educação deve promover debates sobre o caráter individual da arte em escolas, objetivando um maior contato e entendimento da pluralidade cultural e deixando padrões dogmáticos no passado. Nem sempre existirá uma "verdade absoluta", como dizia Nietzsche, "temos a arte para não morrer da verdade".