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Enviada em: 21/03/2018

Arte: a “norma-padrão” e a transgressão              Em “A Fonte”, Marcel Duchamp retrata um urinol. Este objeto exposto pelo artista levantou questões sobre a arte. Como suas definições, seus preceitos, seus ideias. Assim como no século XX, na atualidade, procura-se conceituar não só a arte, mas também quais seriam os seus limites. Ignora-se, porém, nessa nova “onda”, o papel da arte. Este é composto pelo pressuposto de chocar e propor reflexões atuais, assim como representar o belo e o pensamento, por exemplo. Limitar uma visão pressupõe uma norma, a qual também seria parcial. Então, afinal, como cercear um movimento sem definição exata? Como definir a norma-padrão com base em uma visão parcial?         O papel transgressor da arte é visto, por exemplo, nas obras de Basquiat - grafiteiro britânico. Este, utilizou-se das ruas para realizar os seus grafites e, hoje, contém peças no Barbican em Londres. Dessa forma, estabelece-se uma relação: o transgressor, hoje, define-se como a arte a ser apreciada, exposto em um dos maiores museus da Europa. Com isso, estabelece-se a máxima: a limitação é irresponsável. Não há como propor uma maneira viável e lógica.        Limitar é cercear a liberdade humana. Como definido por Sartre, a independência é a condição de vida do ser humano. Tais conceitos, então, tornam-se paradoxais. A arte tem como papel transgredir, assim como propor reflexões, a partir de, justamente, explorar a liberdade do ser humano. Porém, ao propor uma limitação à essa autonomia, regredimos aos estados de imposição e de normatização. Na exposição do QueerMuseu, por exemplo, procurou-se assegurar justamente o papel fundamental da arte: reflexão. Assim como garantido pelo princípio sartreano, os visitantes podem e devem criar uma concepção sobre as obras expostas, uma das liberdades garantidas. Mas, em consonância à essa garantia, deve-se assegurar a efetiva exibição da instalação a todos interessados.      A arte, portanto, não possui uma definição exata. Ela pressupõe diversas funções, como a contemplação, a admiração, mas, em especial, a transgressão. Basquiat e Duchamp, por exemplo, não só foram artistas questionadores da sociedade de sua época, mas também essenciais para o entendimento da sociedade de suas épocas. Como limitar a reflexão? Na solução dessa problemática, o Ministério da Educação deve propor uma campanha em todas as escolas brasileiras, públicas e particulares, sarais realizados pelos próprios alunos, onde cada um deveria ser responsável por apresentar uma obra transgressora da história da arte, como Duchamp, Basquiat, Marina Abramovic, Chris Burden, etc. Com isso, os alunos ficariam mais informados sobre o papel da arte e o porquê da impossibilidade de limitá-la da maneira como realizada no QueerMuseu.