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Enviada em: 12/06/2018

Durante o Iluminismo, Kant defendeu a ideia de que todo ser humano é digno. Entretanto, na sociedade brasileira, sobretudo nos últimos anos, presenciam-se situações humilhantes, caracterizadas por comportamentos que atentam contra essa dignidade humana: a falta de limites da liberdade de expressão. Em vista disso, é preciso analisar de que forma o politicamente correto é tratado nas instituições sociais e como o excesso de liberdade colaboram na perpetuação desse problema social.     A priori, a liberdade de expressão não é ilimitada quando se vive em comunidade. Nesse viés, observa-se que a desobediência às leis ou normas impostas resulta em punição, confirmando que ninguém é absolutamente livre. Conforme Voltaire, ''preconceito é opinião sem conhecimento''. Esse pensamento mostra que ao tratar do uso do humor, em que as piadas em grande parte satirizam as minorias, como, por exemplo, a população negra, fica evidente o quão leiga e preconceituosa é parte da sociedade brasileira. Prova disso é o fato do país apresentar os maiores índices do mundo de violência contra esse grupo, de acordo com dados do Atlas da Violência 2017. Assim, esse tipo de liberdade negativa, de exprimir intolerância, seja verbal seja física, precisa ser punida de forma efetiva.     Não obstante, frente a ineficiência da justiça em punir os comportamentos e atitudes implícitas de prejulgamentos por meio do humor, a reação da população pode ser mais intimidadora que a lei. Recentemente, o humorista Danilo Gentili, foi absolvido do crime de injúria racial após ter feito uma piada com um empresário negro. Segundo a justiça, apesar de a abordagem ser agressiva, houve um contexto que permitiu a referencia do apresentador a bananas em sua piada, o que mostra que a legislação frente às ''piadinhas'' torna-se parcial. Dessa forma, o repúdio do povo às anedotas preconceituosas pode ser uma forma de coibir essa prática.    É evidente, portanto, que ser politicamente correto é uma transgressão negativa em razão de fortalecer o preconceito do país. Logo, o Ministério da Educação, em parceria com as instituições escolares, deve promover e estimular debates por meio de profissionais da área, como professores de sociologia, a fim de darem início à desconstrução de estereótipos para diminuir a falsa sensação de respeito às diversidades. Além disso, o Governo Federal deve criar uma campanha recorrendo às TVs, rádios e mídias sociais, com o intuito de conscientizar a sociedade sobre a seriedade e os perigos de qualquer cidadão ter seu direito à expressão delimitado. Essas ações podem oferecer um canal de denúncia a violações à liberdade de expressão e, à medida que o discurso instiga o ódio e a violação de direitos, deve ser punido pelo Estado. Assim, a ideia de Kant continuará sendo defendida.