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Enviada em: 14/10/2017

"Respeite a minha - preconceituosa- opinião"    John Locke, autor contratualista, criara, à luz do iluminismo, sua tese acerca dos direitos naturais do homem, afirmando que todos nascem em berço de garantia à liberdade, devendo esta ser assegurada pelo Governo de forma irrevogável. À vista disso, o Brasil, à frente de provectas leis pilares em sua Constituição, logo após o término de seu período ditatorial, passa a garantir a toda sua população, sem excludentes, tal princípio. Entretanto, mediante o supradito, faz-se imperioso refletir sobre o fenômeno hodierno de paralaxe que põe em confusão a liberdade de expressão e o politicamente correto.   Dessarte, a despeito do politicamente correto, é fácil depreender-se que o Brasil lida hoje com diversos imbróglios sociais, uma vez que, num país tão plural, a diversidade exija sua cota de respeito. Contudo, principalmente por meio da difusão facilitada e anônima da internet, grupos sociais, os chamados minorias, ainda sofrem ataques cotidianos, camuflados de piadas ou, até mesmo, explicitamente preconceituosos. Embora a camada demográfica reacionária nacional venha tentando construir um país livre de insólitos, como gays e índios, tais grupos parecem esquecer-se dos demais direitos lockeanos cabíveis a toda a população.     Ademais, acerca da liberdade de expressão, é incontrovertível que muitas pessoas parecem confundi-la com a oportunidade de dar voz ao seu veemente ódio latente, a exemplo da marcha pela supremacia branca ocorrida nos EUA, neste ano de 2017. De modo quase análogo, o Brasil enfrenta essa dualidade e contraste até mesmo entre seus estados, quando, inacreditavelmente, seu centro-sul parece menosprezar nordestinos. Por conseguinte, embasados na Constituição que veda a censura, brasileiros cobertos pela bandeira “essa é a minha opinião” mostram o quanto a sociedade está, deveras, doente.     Portanto, a fim de atenuar esse quadro caótico, entendendo que o homem nasce como folha branca, consoante Locke, é da alçada do Governo Federal, por meio do Ministério da Educação, tornar as escolas o centro da fraternidade e da compreensão. Assim, deve-se assegurar que, desde cedo, crianças aprendam sobre a necessidade de acolher a todos de maneira igual. A inclusão de alunos cada vez mais ímpares, como alunos trans ou de necessidades especiais, na sala de aula, bem como aulas direcionadas exclusivamente para a sociologia, explicando-se as diferenças sociais e corporais, seria um grande passo. Dessa forma, diminuir-se-ia o crescente índice de preconceito quando adultos, assim como a periferização de negros, gays e índios, devido a constante aculturação massiva reacionária.