Materiais:
Enviada em: 27/10/2017

Utopia que cerceia a liberdade de expressão      Conforme a tese do filósofo Stuart-Hall, o ser humano da sociedade pós-moderna é caracterizado, sobejamente, pela tolerância e pelo multiculturalismo. Todavia, é possível denotar, claramente, um caráter refratário tangente ao fato, seja pela dificuldade de se estabelecer uma harmonia; seja pela censura imposta pela ideologia do politicamente correto.       É indubitável que a propagação de discursos de ódio pelo ambiente virtual esteja entre as causas do problema. Segundo o filósofo Leandro Karnal, sob a óptica utópica de que todos nos amemos, tudo aquilo que a liberdade de expressão possibilita com limites no aparato legal, acaba sendo fortemente martirizado. A título de exemplo, destaca-se o ocorrido com o próprio filósofo, no qual ao utilizar uma metáfora entre a corrupção no Brasil e a Herpes- doença crônica que ora se torna notória, ora se disfarça- acabou recebendo profundas manifestações de ódio de pessoas que possuíam essa doença pelo ambiente digital. Isso demostra, factualmente, a dificuldade de estabelecer-se o livre arbítrio.      Outrossim, é incontrovertível que a problemática está longe de ser resolvida. Segundo a presidenta do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, o que se observa na sociedade hodierna é uma censura imposta pelos utopistas, ou seja, uma ideologia que busca cercear a liberdade de outrem; sob uma tentativa de se judicializar os infindáveis conteúdos da liquidez atual, devido a uma hipersensibilidade. Nesse contexto, o estabelecimento da política aristotélica que visa o convívio harmônico entre os cidadãos torna-se cada vez mais divergente, embora indispensável para atenuar a questão.      Destarte, é evidente que medidas são necessárias para mitigar o impasse. Num primeiro momento, o Governo Federal, por meio do Ministério da Educação, deve instituir nas escolas palestras e debates ministrados por psicólogos que propiciem aos jovens e adolescentes uma reflexão sobre os limites da liberdade de expressão, pautadas no reconhecimento dos direitos do outro e em prol da harmonia aristotélica. Ademais, seria pertinente que os meios de comunicação difundissem para a população, por intermédio de programas como “Hora do Brasil”, a problemática da ideologia do “politicamente correto'', já que essa busca cercear a liberdade legal de expressão do outro, em prol de atenuar a questão.