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Enviada em: 18/10/2017

Com o rápido avanço dos meios de comunicação, uma interação nunca antes vista pôde ser observada. Se antes, as pessoas recebiam as informações de forma passiva, hoje são levadas a interagir, produzindo uma verdadeira avalanche de opiniões que se multiplicam através das redes sociais, fóruns ou comentários em sites de notícias. Contudo, ao contrário do que se poderia esperar, com a maior participação, não se verificou uma democratização em relação às opiniões, mas antes, uma verdadeira ditadura de opiniões hegemônicas que, via de regra, não admite pensamentos divergentes. Neste contexto, observam-se duas situações problemáticas: o primeiro diz respeito aos abusos e crimes cometidos em nome da liberdade de expressão. O segundo, diz respeito à necessária liberdade de pensamento em um país democrático, o respeito às diferenças em todas as suas formas .        Em primeiro lugar, deve-se entender que, conforme a doutrina jurídica mais avalizada, não existem direitos absolutos, Mesmo direitos fundamentais devem encontrar seus limites ao colidirem com outros direitos. Mesmo sendo muito importante o direito à liberdade de expressão, ele não pode servir para encobrir condutas criminosas.. Não é liberdade de pensamento, o racismo, o comércio de entorpecentes ou apologia a crimes como pedofilia, estupro ente outros. É crime, e deve ser tratado como tal.             Por outro lado, ao acompanhar debates em redes sociais ou comentários em redes sociais, não é difícil observar o quão rapidamente as discussões podem se transformar em discursos acerca do politicamente correto. Discordar deste pensamento leva a uma segregação do grupo e até declarações de ódio. Ódio às classes menos ou mais favorecidas, às mulheres, aos negros, ódio a tudo que seja diferente do pensamento da maioria. Longe de ser correto, é um pensamento político que deve ser reprimido. Martin Luther King dizia que aprendemos a voar como os pássaros e a nadar como os peixes, mas não aprendemos a conviver como irmãos.           Neste sentido medidas são necessárias para garantir o equilíbrio entre e a convivência pacífica. A Ordem dos Advogados do Brasil e Defensorias Públicas Estaduais devem agir vigorosamente na defesa da liberdade de expressão, denunciando abusos e ódios incompatíveis com o Estado Democrático de Direito. Por outro lado o Ministério Público deve atuar oferecendo denúncias e coibindo crimes que são cometidos e que, pouco ou nada se relacionam com a liberdade de expressão.  Reprimindo os abusos e garantindo o espaço de livre manifestação, pode-se garantir um convívio democrático. Jean Paul Sartre dizia que o ser humano está eternamente condenado à liberdade. Liberdade para entender que politicamente correto é o respeito ao outro, como ele é, como ele pensa.